sexta-feira, junho 18, 2010

Ainda estive pensando:
E se eu, com os meus cabelos de bicho do mato, à escovinha, me levantasse no meio da palestra e fosse em direção ao palestrante, sem dizer nada e me contorcendo inteiro em todo o centro mais fundo de meu ser, tacasse um beliscão na pele macia de seu braço sobre a mesa. A dor interior do palestrante e minha contorção interna não seriam reais, sem falar?
E se o palestrante, também sem falar, se levantasse do lugar e me acertasse um soco na boca do estômago me fazendo dobrar ante a platéia, com dor lancinante, sem falar, isso não seria realidade?
Sem falar na moça linda, estudante, sentada a minha direita que recebesse, em silêncio, um beijo na boca de seu namorado.
Não iria ser real?
E se alguém chegasse, em silêncio, atirando?
A morte da platéia não era real?
Precisaria ser dita?
Vão falar, né?

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