Mas do ponto de vista de Vilém Flusser, num paralelo com a cultura Clássica dos gregos, as palavras seriam uma espécie de fogo de Prometeu roubado aos deuses e entregue aos homens, porque para ele, a palavra não é divina, mas produto da vontade do homem de se auto-gerar e ao mundo.
E comecei a vislumbrar, a partir de uma primeira leitura das Investigações Filosóficas de Wittgeinstein, a idéia de que as palavras, diferente de como queria Santo Agostinho, através dos gregos, não representam algo além dela, tipo, algo oculto, dizendo de uma outra maneira, as palavras não representam as coisas, a coisa árvore não está no reverso da palavra árvore, assim como a correnteza dos rios não é o reverso da energia elétrica da lâmpada acesa na minha sala.
A luz acesa na minha sala não oculta e não significa a força da correnteza, porque ela já é outra coisa. E a imagem acústica da palavra árvore, iluminada em minha mente, é, absolutamente, independente da coisa árvore e se conduz dentro do sistema lingüístico de maneira, obviamente, diferente do modo como a coisa árvore existe dentro de seu ecossistema, de modo que eu possa usar dessa palavra quase como eu queira.
Como na trecho Passeio Nº 2 de Manoel de Barros:
PASSEIO N° 2
“Na voz ia nascendo uma árvore
Aberto era seu rosto como um terreno.”
sábado, janeiro 01, 2011
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