Fiz uma primeira intervenção na camisa que Pedro contruiu pra
mim, para o show que fizemos no Audio-rebel. Nós estávamos pensando em com que
roupa me apresentaria, assim, mais ou menos, como se pensaria numa roupa de ir
à missa - foi um lance todo religioso e tudo - e se o bom leit@r tem lembrança,
há de se lembrar que Pedro pegou uma camisa minha e, no Atelier de
Indumentária, a bichana foi transformada numa outra, nova e brilhante.
Daí, eu pensei, esse negócio de ficar buscando roupa pra apresentar
minhas músicas, uma coisa que eu quero sempre fazer, o padre tem sua batina, o
motorista tem o seu uniforme, a aero-moça a sua roupa de aero-moça, o policial
a sua farda, a Virgem Maria o seu manto, todos têm a sua roupa de fazer as suas
coisas, portanto, terei essa minha camisa de fazer os shows.
E pensei que para cada show que pintasse pra eu fazer, eu
acrescentasse um elemento à blusa que Pedro fez pra mim e, assim, formando aos
poucos um casulo, uma capa, um escudo, uma bandeira, em que eu me enfiasse para
apresentar as músicas, como naquela estória que sempre adorei ouvir mamãe
contar pra mim, quando a moça com um vestido de lua, enfiou-se dentro de uma
boneca, para que atravessasse a floresta em segurança.
Então, descobri que minha Vizinha de Baixo, em sua fase de
paisagens, tem os apetrechos de bordar em camisas.