Sou quieto e silencioso, onipresente nos barulhos de Meus
Vizinhos de Trás e fico inseguro de deixar fluir os meus próprios barulhos e
tudo. Então, minhas janelas que dão para o meio do quarteirão, dão pra umas
casas abandonadas que vão ruindo pra sempre pra dentro delas mesmas e por sobre
seus telhados cresceu uma ramagem que cobre tudo, faz uma cama de folhas muito
aconchegante, cheia de frescor e tal, e, por vezes, quando estou nessas janelas
à noite, vejo gatos solitários que cruzam meio por dentro e meio sobre as
folhas. Vejo os seus vultos de passagem para a rua de trás, mesclados de
sombras da escuridão com a pouquíssima luz que as folhas rebatem, vindas de meu
apezinho, talvez, e sentindo como eles são bonitos, espertos, atravessando no
escuro a rama espessa sobre as ruínas das casas abandonadas e tudo.
Eles passam durante o dia também, porque gatos são
onipresentes do dia e da noite, e hoje, quando acordei e fui pra janela, estava
um deles passando, cheirando folha por folha, devagar, como quem procurasse
algo e, aí, afundou-se para dentro dos cipós, pra dentro da casa carcomida e
sumiu de vista.
Fora isso, decidindo pelas cores que vou colocar nos fundos
de minhas novas As Vizinhas de Trás.
Yahahhahahhahahhaha!
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