De novo sobre estabilidade,
agora, tenho focado na possibilidade de eu correr. Porque o meu andar já é absolutamente
restabelecido. Tenho a sensação de restabelecimento também com a minha caligrafia. E com meu violão.
Mas eu preciso correr.
Por exemplo: eu tirei de dentro
da melodia de “A Masculinidade” muito linda que Kali esboçou pra mim, a melodia
definitiva, quer dizer, eu fiz as pontuações, as voltas e repetições de
melodia, os ajustes finais, as definições, enfim, sem modificar nada da ideia
que a kali me deu. Então, o que ficou no fim, havia dentro do que a kali me
entregou, sem tirar nem por.
Mas eu tive de ralentar um pouco,
e que ficasse o menos possível de se perceber alguma lentidão minha na hora de
cantar, porque minha língua também ainda não consegue correr, quando falo.
Sorte, que não sou mesmo de correr falando, então, quando falo, ta normal. Mas
nas músicas eu posso correr. E quando elas correm, preciso correr também.
Então, em “A Masculinidade”, ralentei um pouco.
E fico muito satisfeito de ver o
modo como fiz as adaptações para a “Soltando o dia preso”, que o Renato França
colocou melodia pra mim. Eu conheço o Renato faz tempo demais e depois de
muitos anos, quando nos reencontramos – ele me dava a impressão de que queria
sempre fugir, tinha uma coisa estranha no reencontro, ele tava ali conversando
comigo, solícito e tudo, mas para mim ele queria sair correndo – e, aí, a gente
tava falando, pow, a gente não tem nada junto, vamos fazer e tudo. Porque assim
como eu, o Renato continua a fazer músicas, hoje. E, aí, o Giba, que eu conheço
também daquela época, tinha escaneado uns papéis que eu tinha escrito e que ele
tinha guardados. E me mandou.
E eu dei uma arrumada e mandei
pro Renato.
E eu fiquei muito satisfeito com
o modo como adaptei no meu violão, o que o Renato fez. Sem sequela e sem correr,
porque o Renato fez um blue, que não precisou correr.
Vejam a letra original de
“Soltando o dia preso”, do final dos anos 70:
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