quinta-feira, dezembro 12, 2019

Quando É Noite

Esse lance de lançar disco é uma coisa louca.
O último lançamento que fiz não foi de música, foi do livro
Diário da Piscina(editora É/2017). E, aí, foi legal, que conseguimos lançar nas
capitais do Sudeste. Saímos, eu e Vitor e Pedro e fomos. Em Sp, tivemos mais o
Tulio, a Julia e o Gustavo Galo. Aqui no Rio, o Prática de Montação, na Gamboa.
Em Vitória, no Sesc Gloria, com o Fabrício e David. Em BH, com João Santos, no
171. O livro é solitário, mas é um monte de gente. Então, foi um livro que
saímos lançando. Depois, ainda fizemos mais lançamentos dele no Circuito de
Autores, no projeto Arte da Palavra, do SESC, onde circulamos por várias
cidades dos estados da Bahia, Pará, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina. Foi um
lance muito feliz!
O Crocodilo, esse início de lançamento, tem sido apenas e,
por enquanto, virtual.
Hoje acordei pensando nisso. Qual matéria física é essa do
meu disco, que nuvem é essa que começa e termina nele, com fumaça de cigarro?
Enquanto o livro é solitário, mas um monte de gente, o disco
Crocodilo é um monte de gente e solitário, no sentido de inteiro, integral,
único e tal. E também tive a sorte de os amigos estarem mostrando pros amigos,
tem umas pessoas incríveis que vieram falar comigo e tudo.
Também, teve um menino de Pernambuco que apareceu do nada no
meu in box, com muita insistência e repetidamente, ele disse, pelo amor de
Deus, se inscreva no meu canal. Free Frire. Por conta da insistência, quis
saber com ele o que era isso. Ele disse que é um jogo. Pediu que eu pedisse a
todos os meus amigos que se inscrevessem no canal dele. Eu disse que não vou
fazer isso com meus amigos, mas eu próprio me inscrevi no canal dele.
Voltando ao Crocodilo, eu queria que os amigos ouvissem e
mostrassem pra quem acharem que vai gostar. O Vovô Bebê foi quem produziu,
incrível, a Quando é noite, que vou mostrar, hoje, junto de Acalanto do Amor as
de que mais gosto. O Bruno Cosentino disse:


“Outro tema que salta na audição de Crocodilo é a tristeza.
Como disse, a meu ver, o canto de Luís é um canto da saúde; então, a tristeza —
doença da alma — é seu avesso; tratada, no entanto, de modo investigativo, pois
sempre acompanhada de uma reflexão mansa e inquieta, que, por sua vez, a
ultrapassa. Esse é o motivo principal de duas canções do disco: “Quando é noite”
e “Triste”. Na primeira, um blues, ele canta: “Quando é noite e tenho de compor
os meus pedaços/ como se eu fosse depois da explosão da vida, do mundo, da
existência louca” ou “e a gente vê que vai perdendo tudo/ e a gente vê que não
entende mais nada/ a gente vai se envergando, se envergonhando, a gente vai se
retesando, a gente vai ficando muito triste”. Mas a noite, metáfora da
tristeza, é, de repente, atravessada pelo som de uma “guitarra alheia”, que
chega, portanto, acidentalmente. O som, que poderia ser apenas ruído,
reiterando o caos interno que vive o personagem, contém, no entanto, um
princípio organizador: “mas muito dentro dos mínimos requebros”. O ritmo, ainda
que um resquício mínimo dele, convoca o corpo à dança, ao ritual, e o harmoniza
com o cosmos e a vida coletiva, isto é, o retira de dentro de si e o devolve ao
mundo: “Ai, a alegria do voo dos pássaros lá fora/ e o brilho frio das
estrelas”; trecho da letra acompanhada de melodia que emula o livre movimento e
a dinâmica dos pássaros no céu.” 
vejam:

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