Uma outra música que também tem a ver com o livro Cinema
Orly, portanto com a música Savannah e o disco e música Cinema Íris, é a
Cavalos, que está no meu disco Poema Maldito. É uma música cheia de links, quer
dizer, lembranças, e embora seja muito antiga, há lembranças recentes dela,
quando Gustavo Galo citou, referindo-se à Cavalos, a música Horses, da Patti
Smith e também, quando o Eucanaã Ferraz lembrou dela nas alturas, imitando um
pouco o jeito como eu grito ela no disco. Ainda o modo como o Felipe Castro
editou o piano do Paulo Baiano no meio do meu voz e violão, e resolveu a música
com isso.
Não vou desfiar todos os links.
Sim, curta o meu canal, vasculhe, comente, compartilhe
fazendo seu próprio link e faça-me POPULAR, leit@r:
Distribuo meus discos através da Onerpm que os colocam nas
várias plataformas. Na verdade, eu não recebo nada por conta disso. Na última
vez em que me repassaram os direitos autorais, foram sete reais. Eu nem presto
atenção nos trocados e como disse numa postagem de há pouco, lá atrás, sobre o
meu número de chegadas na piscina, a plataforma em que gosto de ouvir música e
que vejo as visualizações das minhas é o youtube.
A Onerpm não as distribue em meu canal, ela tem um modo de
didtribuição no youtube a que dão o nome de topic, no meu caso, topic-luís
capucho. E que eu puxei em listas organizadas no meu canal e que olho.
Uma coisa legal nas visualizações do Topic – luís capucho é
que o meu disco mais visualizado é o Crocodilo. Então, é bom ver que meu disco mais
novo é o mais olhado. Depois, vem o Cinema Íris. Depois o Antigo. Eu gosto de
ver que o Cinema Íris seja mais olhado que o Antigo. Fico imaginando que, como
eu, os amigos que me ouvem, assimilam bem a minha segunda versão.
Depois, vem o Poema Maldito, que já me disseram ser o meu
melhor disco, mas que não tem visualização correspondente. E por último o Lua
Singela.
Naquela entrevista que a Polivox arranjou, de eu ser
entrevistado por amigos, o Rafael Saar fez uma pergunta sobre a repetição no
que eu faço. Por exemplo, As Vizinhas de Trás, é sempre a repetição de rostos.
E, já falei disso aqui no Blog, mas dizenso de outro modo, o
improviso das situações faz com que a mesma coisa seja sempre outra. Outra
original como a primeira.
O Pedro tem pra ele a primeira do que veio ser minh’As
Vizinhas de Trás”. E tirei essa foto mostrando-a junto a uma das últimas.
Então, o leit@r poderá ver que a mesma coisa é outra.
Fora isso, outro dia vimos um filme em que um garotinho foi
orientado a regar uma planta todos os dias. O motivo para isso é que através da
repetição de regar, haveria uma mudança na paisagem, que se tornaria sombreada e
haveria outras mudanças advindas disso.
Tem umas coisas de que saberemos mais tarde ou, então,
nunca. Por exemplo, aquele fio de cabelo que foi colocado num pote de vidro com
água e que se transformou num verme finíssimo e insinuante. Ou, então,
resultado de uma aula de matemática que tive na adolescência, onde concluí que
retas não existem, nem em abstração, nem em linha têxtil traçada entre uma
árvore e outra. Porque o que existem são linhas circulares e, aí, um segmento
de reta é um trecho de círculo maior ou menor, dependendo de até onde conseguimos
ver a linha reta do fio têxtil, se liga.
Dito isto, esse é o motivo da expressão – circula! -que é quando você está incomodando alguém e a
pessoa diz isso pra você – circula! - pra que você seguindo em linha reta, mas
circulando, sair de perto.
quarta-feira, novembro 25, 2020
Quando comecei a nadar na By Training no ano 2000 e comecei
a registrar o meu aprendizaado, no que depois virou o meu Diário da
Piscina(editora É/2017), gostava de contar o meu número de chegadas. Depois, um
pouco antes de ir para a Niterói Swimm, lembro de ouvir de Marcelina para o
instrutor do dia, que a partir daquele ponto em que eu havia chegado, era só me
deixar nadando, porque já era. Também a ouvi dizer que se eu me mantivesse nos
1.200 m, isso seria o suficiente, algo assim. E, aí, não contei mais minhas
chegadas.
Eu também fico reparando no número de visualizações de
minhas músicas no youtube. Não que eu tenha feito um gráfico disso, que pudesse
alimentar alguma estratégia de expansão daqueles que me conhecem. Quer dizer,
eu não tenho um escritório que se disponha a conhecer o meu trabalho de arte e
pense estratégias de seu escoamento a partir da potência dele. Acontece que o
seu fluxo fica por conta apenas de sua força e tamanho.
Daí, voltando às visualizações espontâneas de minhas músicas
no youtube, já vi que tem uma lógica a ver com sexo, por exemplo, a Savannah de
que falei ontem e outra música minha do Lua Singela, a Sucesso com Sexo, que
comparada às outras é bem visualizada. O sexo é mesmo uma maravilha, todos
sabemos disso e por isso tanta piada, tanto interdito, tanto interesse.
Também, sem esforço e no mesmo assunto, quero lhes falar da
Poema Maldito, que é uma música sobre um episódio que, com sua força e tamanho,
aconteceu, de novo por força, na beirinha. Um poema que Tive Martinez fez e
que carrega, na verdade, onze músicas em seu nome.
O youtube tirou do ar um vídeo que eu tinha feito para, além
da música que fiz pra ela, homenagear Savannah. Não tinha nada demais, não
aparecia suas partes baixas nas fotos que eram o vídeo, acho que aparecia seus
peitos e ela de quatro, em posição de gatinha, mas não mais que isso. Eu tinha
visto uma nota de jornal falando de seu suicídio e fui pro violão e fiz toda a
melodia, que grita seu nome e, depois, pedi a Suely pra me ajudar em parte da
letra, quando eu queria citar Savannah se despindo no seu streap. Era o video
de meu canal que tinha mais vizualizações, tinha milhares, porque todo mundo
curte pornografia, vocês sabem, e achava que teria, mas, não.
Essa música ficou no meu primeiro disco, de 95, mas que só
foi lançado depois de eu já ter publicado o Lua Singela e o Cinema Íris.
Na apresentação do Cadernos de Música sobre mim, há esse
trecho:
“O lugar único do qual se lança Capucho, porém, não se
estabelece apenas a partir do que lhe é negado. O fato de um núcleo do artista
que conhecemos hoje estar presente no álbum “Antigo”, resgistro anterior ao
coma ( e a todas as suas consequências ) mostra que sua obra se assenta num
olhar gauche, torto, deslocado, maldito, imperfeito antes mesmo que isso se
impusesse como realidade física. Não é um acaso “Antigo” ser aberto por uma
canção sobre a história real de uma atriz pornô que se matou com um tiro (
“Savannah”, parceria com Suely Mesquita). Assim como não é um acaso a doçura
crua que atravessa a canção e todo o universo que Capucho ergueu desde então.”
Então, continuando, a Savannah prenuncia a música Cinema
Íris, que deu título ao meu álbum de 2013 e que, por conta de o Ney Matogrosso
ter adorado a música e ter falado dela algumas vezes, muita gente me conheceu e
curtiu também.
Vejam:
Vejam:
segunda-feira, novembro 23, 2020
Além de uma mesa pequena e roxa pra eu colocar na minha casa, também quero colocar uma poltrona um pouco como aquela em que vi na casa de Genesis P Orridge em uma entrevista que deu para um doc. Fiquei olhando pra sala dele/a e vendo no que eu poderia ter como referência para a minha. Havia muita coisa pra se ver, embora a câmera estivesse parada num canto, onde ele/a sentou-se falando. Mas a poltrona, já estou pensando nela há um tempo. Pedro disse que era um sapato de salto alto, no que ele/a se sentava, mas minha imaginação não foi pra isso.
Estava dizendo no post de ante-ontem, que essas coisas que quero organizar em minha casa, mesas, objetos, poltronas, são para torná-la completa, mais ou menos como P Orridge colocou seios. O que quero dizer é que nossa imaginação vai por nossa vontade e que minha vontade vai pra isso, pra imaginar coisas.
É isso.
sábado, novembro 21, 2020
Minha Camisa de Apresentação começou a se formar com os
shows que começamos a fazer para o disco Poema Maldito. Segundo me informou o
google, o disco foi lançado em dezembro de 2014. Então, os primeiros registros
fotográficos que tenho dela se formando são de 2015. Portanto, nesse ano de
2020 em que estamos, faz 5 anos em que ela vem se fazendo, se contruindo em seu
escudo.
Cada coisa costurada nela tem uma estória inesquecível e
muito querida. Eu não sei, se vou para sempre construir a sua pele de traje espiritual,
possivelmente, sim, quer dizer, à medida de seu embalsamamento.
Vejam:
sexta-feira, novembro 20, 2020
O tempo frio me faz querer sair na rua e ver que todas as
coisas estão incompletas como a minha sala. Como minha casa, onde preciso
organizar as coisas que organizarei sobre a mesinha roxa, perto da porta, e que
ainda não tenho. Nem a mesa, nem as coisas que organizarei sobre ela.
Fora isso, tenho prestado atenção nas modificações que
acontecem na minha coluna, na direção de meu umbigo, quando ajeito melhor minha
cabeça e equilibro-a, firmo-a sobre o meu pescoço. Também tenho percebido os
estalos do apezinho na madrugada, que saem das paredes e dos móveis, da
geladeira.
Isso, considerando a idade em que estou. E considerando a
pandemia de Covid-19.
E Linda Evangelista, a gatinha do Pedro que está morando
aqui no terceiro andar.
E os aviões que passam sobre o vale.
sábado, novembro 14, 2020
Nessa resposta, tem-se a impressão de que a Linda é prisioneira e se tranca no armário emburrada. Mas, não. A Linda adora morar aqui. É só olhar pra ela, pra saber...
Rafael
Julião – Luís, eu tô ouvindo um cachorro latir aí ao fundo, você tem até essa
imagem do cachorro que latindo ao fundo é bonito, mas que de perto ninguém
gosta; você já falou em castanheira, e de alguma forma esse mundo da pandemia
abriu a casa da gente. Agora, a gente tá te entrevistando e vendo um pedacinho
da sua casa. Eu queria que você me dissesse se esse cachorro é seu, se para
além da castanheira aí fora, você tem plantas em casa; queria que você falasse
um pouco da sua casa, o que tem na sua casa, quais são os objetos; cachorros,
plantas, objetos – queria que você falasse dessas coisas, desses seres da
casa.
Edil
Carvalho – Eu vou aproveitar e fazer um parênteses e perguntar se o galo que tá
cantando é daí também.
Luís Capucho – Esse galo é lindo, né? Na
verdade são dois galos. Eu tenho na verdade muita poeira na minha casa,
poeira, muita, e eu fico olhando pra ela, assim, eu vou ter que limpar isso,
mas eu nunca resolvo a situação; fica, vai sedimentando. O cachorro é da
minha vizinha de baixo, é o Lorde, os galos são do lado, plantas eu não tenho,
mas o Pedro mora… O meu prédio é um prédio de três andares e de dois
apartamentos por andar. Eu moro no terceiro andar, nos fundos e o Pedro mora no
apartamento da frente. O Pedro é quem tem as plantas e o Pedro tem também uma
gatinha agora, que ele trouxe pra cá [a Linda Evangelista]; ela é uma gatinha
superbacana, porque ela não desce a escada, morre de medo de descer a escada,
não vai na janela, porque também tem medo; e ela deve estar dormindo, ela não
sai do armário, ela fica dormindo muito.
Curti muito fazer a live para o
Arte na Rua – Novo Normal, um programa da Prefeitura de Niterói. O Pedro se
animou na produção do palco e armamos um cenário bem bonito pra apresentação
das músicas na voz e violão.
O bom leit@r sabe que sempre
amarelo pra tocar as músicas sozinho, porque, de verdade, outros músicos
enriquecem muito o entorno e o meio das músicas, quer dizer, enriquece pra fora
e pra dentro, de modo que a bola delas fica maior e mais densa. Mas eu gostei
mesmo assim de tocar sozinho, porque a ampliação do som e o modo cuidado como
foram colhidas as imagens, a edição, a luz, tudo o que a equipe de filmagem deu
no truque de fazer ficar bonito, trouxe mais atenção pra o meu som.
Me lembro de assim que meus amigos começaram a
poder me visitar no hospital, que ficaram muito preocupados de eu deprimir, por
conta da situação maluca em que eu estava e quiseram que eu já produzisse, que
eu fizesse letras, me levaram um caderninho e caneta, que era também pra eu
treinar a caligrafia, porque eu tinha tido sequela motora e não conseguia mais
escrever. Só que eu tava meio abobado, não tinha nada dentro, nenhum
pensamento, então, nem deprimir, eu podia.
Só depois que saí do hospital, com a cabeça mais
organizada eu fiz Algo Assim, inspirado no filme Entrevista com Vampiro que eu
tinha assistido um pouco antes de entrar em coma. O filme conta a estória de
três vampiros, o Luís, a Claudia e o Lestat. A Claudia e o Lestat adoravam ser
o que eram, vampiros. Mas o luís tinha problemas de consciência, por beber o
sangue das pessoas. Então, eu queria dizer pros meus amigos que eu não estava
mal, que eu estava mais Claudia e Lestat, que eu não estava luís.
Sim, eu só soube do vírus da Aids, quando saí do
coma, foi o médico quem me disse. Então, eu me abracei nele e chorei muito.
Deve ter sido difícil pra ele estar naquele papel. Eu acho que fui meio lestat
e meio claudia. Eu só pensava em me livrar das sequelas, acho que vivi uns
quinze anos em função disso. Ainda hoje sinto que melhoro, mas os detalhes das
melhoras são cada vez mais sutis.
domingo, novembro 01, 2020
O Marcos Araujo me chamou pra essa live dele no Instagram, ontem. Foi uma live bem legal, que depois me dei conta de que ele tinha partido do texto do Rogèrio Skylab, no Cadernos de Música, sobre mim, em minha homenagem. O Marcos disse que conheceu minha música há pouco, mas que já tinha lido o Cinema Orly lá atrás.
Ficou uma entrevista muito legal e quem tiver Instagram não perde por assistir. Aproveito pra agradecer ao Marcos, a entrevista!