sexta-feira, abril 27, 2007

Entrevista sobre o Rato

Como foi o processo criativo de Rato?
A idéia de escrever o Rato surgiu logo que terminei de escrever o Cinema Orly. Tinha mandado o Orly pra uma editora especializada em livros GLS. Responderam que meu livro tinha alta qualidade literária, mas que não tinha estrutura de romance, era repetitivo, os personagens não se desenvolviam, entre outras coisas. O que considero serem as virtudes de meu primeiro livro foram apontadas como seus defeitos. Respondi que não iria mexer no Cinema Orly, mas que iria fazer um livro com as qualidades que ele não tinha. Então, fiz o Rato.

Entretanto, quando terminei, não mandei pra editora paulista, por achar não ter conseguido chegar ao modelo de livro que precisavam. O livro não tinha ficado agressivo como é o Cinema Orly, ficou mais comedido. Demorei dois meses pra escrever o miolo e fiquei burilando, burilando por uns dois anos. Se não achasse editora, ficaria burilando eternamente.

Em seu blog você comenta que sua casa esteve infesta de ratazanas, o título do romance veio daí?
As ratazanas foram coincidência. Quando assinei o contrato com a Rocco, os ratos começaram a visitar minha varanda. Apesar do bom augúrio, matei-os todos. Estão sumidos...

Você se inspirou em alguém real para compor o Rato?
Não construí um personagem com absoluta independência de mim mesmo: sua visão de mundo é resultado do modo como eu próprio enxergo as coisas. De verdade, não pensei em fazer um personagem que fosse uma outra pessoa que não eu. Ele foi sendo narrado na intuição e, ora se afastou de mim, ora fui eu. Fui fazendo e, sei que não sou eu, porque é impossível contar histórias como conto no Rato e como conto no Cinema Orly sem fazer ficção. E sou real, não sou ficção!

O personagem principal, que não é nomeado, é um "fodido", como ele mesmo se define. O final "quase feliz". Você é um otimista?

Sim, eu sou. Eu acho o mundo e a vida bem legais. Não gosto de pessoas que têm um pensamento sempre chamando a atenção para o lado ruim das coisas, porque eu não gosto de prestar atenção no que é ruim e feio. Gosto de coisas boas, pow!

Você descreve a cidade de uma maneira muito forte, as ruas, as praias, praças. A cidade também é um personagem no seu livro?
Imagino que fosse uma narrativa mais doméstica, fosse o caso da casa do Rato ser confortável e ter mais privacidade para ele nela. Como o Rato é deslocado em sua casa, ele tem uma relação intensa com a cidade. Mas a história poderia ser em Sampa, mesmo sem praia. E poderia ser numa cidade menor. Ratos estão em toda parte, inclusive no campo.

2 comentários:

Círia disse...

Bacana...

violetaventura disse...

quero muito ler o livro.
tou sperando.
beijos
bia