sábado, janeiro 08, 2011

Depois de Wittgenstein, a respeito da representação da realidade pela linguagem, com a palavra, um poeta:

“O cheiro do jasmim é uma desordem. Quem dá ordem é a palavra.(...) A linguagem é uma ordem, é um sistema. Fora da linguagem só há desordem. Como expressar, então, o que está fora do sistema? Como captar essa desordem? A linguagem só diz o que a linguagem diz. O que está fora dela, não entra. Então, fica o não dito pelo dito. Fica um pensamento daquele mundo, que não tem nada a ver com a realidade. Um pensamento que se passa à margem da realidade.(...) Eu tenho prazer em viver a aventura poética. São descobertas que enriquecem a vida e enriquecem os outros. Eu tremo na expectativa do que vai acontecer, do que pode ser o processo. Tenho prazer o tempo todo, eu tremo, mas não sofro. Ninguém me manda fazer isso. Eu faço, porque quero. Mas não escrevo quando quero, senão, não é poesia. Quando entro na poesia, sinto um grande prazer. Sinto muito prazer em viver essa experiência extraordinária de revelação. Claro, às vezes atravesso noites me perguntando: Qual é o caminho? Qual é a solução? Mas essas dúvidas também são prazerosas. Estou fazendo algo que pode ser bonito, que pode ser comovente.”
Ferreira Gullar em entrevista ao jornal O Globo – 29 de agosto de 2010.

Um comentário:

kali c. disse...

luísssssssss,


que bom encontrar este dito do Ferreira Gullar agora:))) comovente mesmo!

beijos
kAliC