Parei de dormir tarde em 1998, quando os inibidores de protease da época, produziam tal exaustão, que não me aguentava de pé e emborcava sonolento no sofá com a televisão acesa. Daí, para minha cama era um pulinho à toa. Esses inibidores de protease já caíram de uso e a rede pública de saúde nem distribue mais.
Depois, quando surgiu um outro remédio desses que sou obrigado a tomar, moderno e menos cansativo, achei que fosse retomar minha natureza insone, sei lá, e fosse querer caminhar pelas ruas da cidade vazias e escurecidas com o buraco do céu cheio de estrelas em cima, com a brisa da noite batendo na cara e tudo, ou ver televisão até mais tarde ou ler, mas aí, silencioso leit@r, esse outro remédio, moderno e menos nocivo, me embebeda de tal maneira, que meus pensamentos ficam estranhamente viscosos e pesados, encrostados de uma pele, assim, encouraçados, que, então, me recosto para apreciá-los e pimba. Durmo cedo.
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