Estou no Pedro com a Preta e isso não é um trava-língua,
leit@r.
Ele viajou.
No início, fico meio perdido, porque sou todo armado em
minha casa, o que faço e o que não faço. Mas, depois, trago toda a armação pra
cá.
Então, bondoso leit@r, a moral da estória é que sou uma
armação.
A Preta é uma
armação.
Quando acordei essa manhã, armado de barriga pra baixo na
cama do Pedro, vi que a Preta se armou, encostada à minha coxa esquerda e ficou
ali, no meu calor, armada.
E meus primeiros pensamentos da manhã foram que eu e a Preta
estávamos armados, dividindo o calor, entrados no calor, um no calor do outro,
de modo que estávamos e éramos uma única armação na cama do Pedro, sem rir, sem
falar, sem olhar pra trás e tudo, e o meu primeiro pensamento da manhã foi que
eu e Preta, misturados em nossa armação, tínhamos os milhões de bichos em
movimento que carregamos e que nos habitam, transitando de uma para outra armação e me
lembrei de minha neurotoxoplasmose, que me deixou em coma por um mês e que me tornou
essa nova versão que sou de mim mesmo e vi que, agora, com todos os movimentos
de minha armação controlados, não corro mais o mesmo risco, nem ofereço risco a
Preta e ficamos ali até mais tarde, porque é feriado, silêncio e a temperatura
do dia está boa e tal.
Depois, me ergui, ergui a armação do mosquiteiro sobre a
cama, saí, chamei por ela, que pareceu pensar um pouco, antes de se decidir por
sair do calor de panos que estava ali, naquela armação de coisas sobre a cama e
tudo.
Aí, leit@r, saiu e
veio comigo pra cozinha, ficou comigo, enquanto eu preparava o meu desjejum e,
quando vim pro computer, desapareceu no quintal.
Dito isso, voltarei a minha casa e ficarei por lá um tempo,
onde é meu território.
Fui.
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