sexta-feira, abril 18, 2014



Estou no Pedro com a Preta e isso não é um trava-língua, leit@r.  
Ele viajou.
No início, fico meio perdido, porque sou todo armado em minha casa, o que faço e o que não faço. Mas, depois, trago toda a armação pra cá.
Então, bondoso leit@r, a moral da estória é que sou uma armação.
 A Preta é uma armação.
Quando acordei essa manhã, armado de barriga pra baixo na cama do Pedro, vi que a Preta se armou, encostada à minha coxa esquerda e ficou ali, no meu calor, armada.
E meus primeiros pensamentos da manhã foram que eu e a Preta estávamos armados, dividindo o calor, entrados no calor, um no calor do outro, de modo que estávamos e éramos uma única armação na cama do Pedro, sem rir, sem falar, sem olhar pra trás e tudo, e o meu primeiro pensamento da manhã foi que eu e Preta, misturados em nossa armação, tínhamos os milhões de bichos em movimento que carregamos e que nos habitam,  transitando de uma para outra armação e me lembrei de minha neurotoxoplasmose, que me deixou em coma por um mês e que me tornou essa nova versão que sou de mim mesmo e vi que, agora, com todos os movimentos de minha armação controlados, não corro mais o mesmo risco, nem ofereço risco a Preta e ficamos ali até mais tarde, porque é feriado, silêncio e a temperatura do dia está boa e tal.
Depois, me ergui, ergui a armação do mosquiteiro sobre a cama, saí, chamei por ela, que pareceu pensar um pouco, antes de se decidir por sair do calor de panos que estava ali, naquela armação de coisas sobre a cama e tudo.
 Aí, leit@r, saiu e veio comigo pra cozinha, ficou comigo, enquanto eu preparava o meu desjejum e, quando vim pro computer, desapareceu no quintal.
Dito isso, voltarei a minha casa e ficarei por lá um tempo, onde é meu território.
Fui.

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