Para o filme Peixe, Rafael tinha me pedido o que eu tivesse
de coisa guardada de shows antigos. Não tenho quase nada, mas entre os que
tenho, tinha uns rolos de fitas, numas caixinhas, que lhe dei e, ante-ontem,
ele trouxe digitalizado um deles pra eu ver. Caralho, leit@r, foi emocionante
demais pra mim! Eu e Pedro assistimos, ontem. Era uma fita em que a Bia fica um
tempo conversando com uma égua querida, que tem um potro, enquanto a Babi fica
ali rodeando, querendo morder os cavalos, latindo, e, aí, a Bia anda um pouco
de cavalo e depois tenta fazer a amizade de Babi com os cavalos que gostam
dela, mas a Babi, no colo da Bia, se estremece toda a cada cheirada da égua e a
Bia não consegue.
Eu sei que o que vimos e que disse aí acima pode não ser de
interesse, a não ser da Bia e da Babi e da égua e tudo. E sei também que o que
vem a seguir, igualmente, pode não ser de interesse, mas já é, porque está
documentado e tem aqueles que bucam nos documentos um sentido para a vida ou um
sentido para o que quer que seja e tal e, talvez, seja esse o sentido do Rafael
para o doc Peixe.
O fato é que quando isso acaba, começa a rolar o primeiro
show que fiz, depois do “acidente”, leit@r. Era um bar em Botafogo de que me
esqueci o nome e os amigos estavam todos lá. Éramos eu, Ricardo Gilly nos
violões e Rodrigo Bucair na percussão. E tinha as participações de Bia
Clemente, Lucinha Turnbull, Kali C., Jeff, Marcos Sacramento e Mathilda Kovak.
O emocionante é o cerco que os amigos fizeram em torno ao
“acidente” que deixou que eu ficasse aquele gravetinho, com aquele corpinho de
barata, delicadíssimo, com a voz arrastada e as munhecas quase a não conseguir
tocar uma guitarra preta que colocaram no meu colo. Além disso, a beleza em que
tornamos as músicas que tocamos, todos muito na onda do acontecimento, de meu
show no bar em Botafogo, cada qual profundamente na sua e, aí, eu queria
aproveitar para agradecer profundamente a todos, porque eu estava tão
ensimesmado na ocasião, que nem fiz isso.