quinta-feira, agosto 29, 2013
Ante-ontem, estive novamente no Tomba Records - Estúdio B –
do Felipe Castro para uma segunda sessão de gravação do que será, talvez, o meu
próximo disco – “Poema Maldito”, voz e violão.
Então, fiz uma outra gravação de “Meu bem”, uma de minhas
músicas que estará também no disco de Kali C., “Você é muito lindo”. E gravei
outra vez, porque, na primeira gravação, além de ter fugido ao padrão das
outras músicas que tínhamos gravado, eu errei a letra, então, fizemos de novo.
Além disso, gravei “Velha” e “Cavalos”, essa última, uma das
músicas que compõem a narrativa de meu “Cinema Orly”.
Então, bom leit@r, de uma primeira olhada e ainda fora de
ordem, estão decididas as músicas que farão parte do “Poema Maldito”:
1- Poema
maldito – luís capucho/Tive
2- Os
gatinhos de Pedro – luís capucho
3- Generosidade
– luís capucho
4- Mais
uma canção do sábado – luís capucho/Alexandre Magno Jardim Pimenta
5- Soneto
– luís capucho/Marcelo Diniz
6- Cavalos
– luís capucho
7- Velha
– luís capucho
8- Formigueiro
– luís capucho
9- Meu
bem – luís capucho
10- La nave va – luís
capucho/Manel Gomes
11- O Camponês – luís
capucho/Marcos Sacramento
quarta-feira, agosto 28, 2013
Sempre me emociono pro bem ou pro mal, quando leio as opiniões sobre meus livros ou músicas. Dessa vez, foi o Murilo quem postou em seu blog. Transcrevo aqui no Blog Azul, mas quem quiser ver o original no blog dele, veja aqui: resenha no blog do Murilo
quarta-feira, 28 de agosto de 2013
"Rato" ou A Mais Difícil Escolha De Um Escritor
Há muitos leitores que se incomodam com narradores sinceros demais. Para
eles, deve sempre pairar uma nuvem espessa entre as páginas de um livro
e os mecanismos cerebrais responsáveis pelo entendimento daquilo que
está escrito. Narrações em terceira pessoa, frias e obsessivamente
oniscientes, costumam satisfazer mais as hordas de amantes da
literatura, os quais, na maioria das vezes, vão aos livros em busca de
saídas para suas vidas insossas. A voz presunçosa de um narrador cruel e
supostamente isento lhes causa a sensação de domínio de uma verdade
qualquer, além da ilusória possibilidade de virem a estabelecer, eles
também, aqueles leitores, um conjunto de verdades irrefutáveis sobre a
humanidade.
Este também é um engano no qual costumam se enredar muitos escritores.
Eu mesmo, quando procuro estabelecer um ponto de vista pelo qual contar
uma história, lanço-me em devaneios sobre quão distante e sábio será o
meu narrador, tal qual uma máscara que se escolhe antes de se lançar num
baile de carnaval, onde o principal objetivo é caçar alguém; muitos
autores se comprazem da furtiva brincadeira de caça ao leitor. Eu, no
entanto, gosto dos narradores falíveis, das vozes duvidosas, dos olhares
míopes. Só eu sei quanta coragem é necessária para me dar a este luxo
da imperfeição! Entretanto, isto ainda não é suficiente para eu chegar
ao ponto em que pretendo chegar em minha expressão artística - se bem
que eu mal inaugurei a minha incursão pela literatura.
Quantos jamais se deixariam jogar nesta correnteza de imprecisão estilística, sob o risco maior de serem expurgados da lista dos escritores respeitáveis? São muito poucos os escritores que não parecem ansiar pelo respeito, seja de leitores, seja de críticos. De tão raros, a leitura de suas obras é capaz de me constranger, na medida em que denuncia a minha ainda pouca disposição de me lançar sem medo sobre a página virgem.
Luís Capucho é um desses raros artistas, sem dúvida. Não porque sua experiência pessoal seja a principal matéria-prima das duas obras suas que li até agora, mas porque sua narrativa é de uma sinceridade desconsertante. Se em "Cinema Orly", seu livro mais conhecido, é ele mesmo quem nos conta suas aventuras, em "Rato", é o filho de Dona Creuza quem não tem medo de voar no tapete puído de suas fraquezas. Este mostra sem amarras quão difícil é a sua condição de jovem homossexual num ambiente de homens rudes e encaixados num mundo medíocre, no qual a masculinidade é forjada pela capacidade de demarcar território pela imposição da força física ou do status oriundo do trabalho, ou ainda, num outro espectro, pela afirmação cotidiana de suas mazelas. O narrador de "Rato" é tão somente um menino superprotegido pela mãe, que se ocupa de privá-lo das dificuldades, desdobrando-se para lhe garantir o sustento e o conforto de uma vida de pouca privacidade e conforto.
No livro, Capucho consegue novamente representar o universo de homens
gays de sua geração, com as limitações afetivas frente aos açoites do
desejo, que os fazem patinar desajeitados numa sociedade criada para
lhes privar dos privilégios da livre expressão da sexualidade. Diferente
de uma mulher, o jovem homossexual narrador do livro negocia seu desejo
sexual com os homens que o rodeiam, sem a possibilidade de exercer
francamente a sua sensualidade. Por outro lado, diferente dos homens com
quem convive e assim como os homossexuais de sua geração, o narrador de
"Rato" simula uma performance de discrição e distanciamento, de modo a
não se tornar ainda mais vulnerável diante dos seus pares, ou rivais. É
neste limbo de indefinições e obscuridades que o jovem em tela parece
exibir suas próprias idiossincrasias.
Claro que a opção pela transparência e pela objetividade na representação das imagens poderia empobrecer o estilo. Em "Rato", faz-se necessário abstrair a beleza da fidelidade do autor às 'anotações' do personagem-narrador. Sem dúvida, Capucho poderia escolher a via fácil de analisar o seu personagem psicologicamente, buscando razões para as suas dúvidas e para suas tendências, contudo, corajosamente, o autor faz o contrário: deixa-o livre para expressar seu inconformismo e suas impressões sobre o sexo, o mundo masculino e o amor. Aliás, a incapacidade de o jovem narrador embrenhar-se pelo amor de um homem após conhecê-lo é, para mim, o traço fundamental desta personalidade, que a faz icônica de toda uma geração de homens homossexuais. Capucho consegue retratar esta característica com o primor que somente alcançam os hábeis em dizer a verdade. Ele é mesmo um caso raro de autor literário.
Assim, Capucho mostra, por trás de uma literatura que parece não se importar com a forma, toda a riqueza de sua narrativa, dura, seca e cinzenta, para o espanto de quem esperava um sonho festivo, em se tratando de uma literatura realizada por um homossexual. Esta aspereza, a meu ver, é a chave para se admirar a sua obra.
Tudo parece jogado a esmo, porém há um cálculo escondido naquele mundo sem sentido, sem fronteiras de "Rato". Há uma penumbra que me fez querer acompanhar aquele jovem, que me encantou, apesar de sua atitude mimada. Ainda que o elemento rato tenha sumido no texto, ele persiste na ação do jovem, sem que referências insistentes ocorram para amparar a escolha comparativa. Nós, homens homossexuais sabemos bem o que é caminhar rente ao chão, entre frestras nas paredes, a causar nojo em cada aparição inesperada. Esconder-se foi a sábia escolha deste jovem e a de muitos de nós. Sim, em alguma medida, todos somos como ele, ainda que tenhamos experiências distintas.
Pode ser que, no futuro, a literatura se renda a Capucho, na medida em
que se desapegue das complexidades existenciais forjadas pela linguagem.
Por hora, resta-me pedir que os homens homossexuais atentem à sua obra,
para serem salvos. Sim, para isto mesmo.
Aquela sinceridade a que me referi, tão evidente em "Rato", aquela obediência aos ditames do ser fictício que conduz a narrativa tornam o livro um objeto transformador e curativo, como seu antecessor, "Cinema Orly". Eu penso ser este o máximo a que pode chegar uma obra literária. Poucos alcançaram este intento. Estes corajosos normalmente custaram para se verem reconhecidos, mas foram eles os que cozeram as feridas da humanidade e estar entre eles deveria ser a ânsia de todo literato.
O medo, no entanto, os empurra do alto dos barrancos da língua, colorindo, com as firulas de suas prosas, o seu caminho descendente até o poço de mediocridade em que, confortavelmente, se instalam e se preparam para faturar bastante dinheiro, uma vez que têm como recompensa o gosto do leitor, igualmente acovardado.
Por
Murilo Rodrigues Guimarães
às
1:38 AMCapucho, em foto de Simon Prado. De sua página no Facebook. |
Quantos jamais se deixariam jogar nesta correnteza de imprecisão estilística, sob o risco maior de serem expurgados da lista dos escritores respeitáveis? São muito poucos os escritores que não parecem ansiar pelo respeito, seja de leitores, seja de críticos. De tão raros, a leitura de suas obras é capaz de me constranger, na medida em que denuncia a minha ainda pouca disposição de me lançar sem medo sobre a página virgem.
Luís Capucho é um desses raros artistas, sem dúvida. Não porque sua experiência pessoal seja a principal matéria-prima das duas obras suas que li até agora, mas porque sua narrativa é de uma sinceridade desconsertante. Se em "Cinema Orly", seu livro mais conhecido, é ele mesmo quem nos conta suas aventuras, em "Rato", é o filho de Dona Creuza quem não tem medo de voar no tapete puído de suas fraquezas. Este mostra sem amarras quão difícil é a sua condição de jovem homossexual num ambiente de homens rudes e encaixados num mundo medíocre, no qual a masculinidade é forjada pela capacidade de demarcar território pela imposição da força física ou do status oriundo do trabalho, ou ainda, num outro espectro, pela afirmação cotidiana de suas mazelas. O narrador de "Rato" é tão somente um menino superprotegido pela mãe, que se ocupa de privá-lo das dificuldades, desdobrando-se para lhe garantir o sustento e o conforto de uma vida de pouca privacidade e conforto.
Eu e Luís Capucho. Niterói, Agosto de 2013. Foto de Pedro Paz. |
Claro que a opção pela transparência e pela objetividade na representação das imagens poderia empobrecer o estilo. Em "Rato", faz-se necessário abstrair a beleza da fidelidade do autor às 'anotações' do personagem-narrador. Sem dúvida, Capucho poderia escolher a via fácil de analisar o seu personagem psicologicamente, buscando razões para as suas dúvidas e para suas tendências, contudo, corajosamente, o autor faz o contrário: deixa-o livre para expressar seu inconformismo e suas impressões sobre o sexo, o mundo masculino e o amor. Aliás, a incapacidade de o jovem narrador embrenhar-se pelo amor de um homem após conhecê-lo é, para mim, o traço fundamental desta personalidade, que a faz icônica de toda uma geração de homens homossexuais. Capucho consegue retratar esta característica com o primor que somente alcançam os hábeis em dizer a verdade. Ele é mesmo um caso raro de autor literário.
Assim, Capucho mostra, por trás de uma literatura que parece não se importar com a forma, toda a riqueza de sua narrativa, dura, seca e cinzenta, para o espanto de quem esperava um sonho festivo, em se tratando de uma literatura realizada por um homossexual. Esta aspereza, a meu ver, é a chave para se admirar a sua obra.
Tudo parece jogado a esmo, porém há um cálculo escondido naquele mundo sem sentido, sem fronteiras de "Rato". Há uma penumbra que me fez querer acompanhar aquele jovem, que me encantou, apesar de sua atitude mimada. Ainda que o elemento rato tenha sumido no texto, ele persiste na ação do jovem, sem que referências insistentes ocorram para amparar a escolha comparativa. Nós, homens homossexuais sabemos bem o que é caminhar rente ao chão, entre frestras nas paredes, a causar nojo em cada aparição inesperada. Esconder-se foi a sábia escolha deste jovem e a de muitos de nós. Sim, em alguma medida, todos somos como ele, ainda que tenhamos experiências distintas.
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Aquela sinceridade a que me referi, tão evidente em "Rato", aquela obediência aos ditames do ser fictício que conduz a narrativa tornam o livro um objeto transformador e curativo, como seu antecessor, "Cinema Orly". Eu penso ser este o máximo a que pode chegar uma obra literária. Poucos alcançaram este intento. Estes corajosos normalmente custaram para se verem reconhecidos, mas foram eles os que cozeram as feridas da humanidade e estar entre eles deveria ser a ânsia de todo literato.
O medo, no entanto, os empurra do alto dos barrancos da língua, colorindo, com as firulas de suas prosas, o seu caminho descendente até o poço de mediocridade em que, confortavelmente, se instalam e se preparam para faturar bastante dinheiro, uma vez que têm como recompensa o gosto do leitor, igualmente acovardado.
terça-feira, agosto 27, 2013
A vida é livre
Chegando do laboratório da FioCruz, onde tirei sangue pra os exames clínicos.
Meus olhos se encontraram algumas vezes com os do rapaz que me atendia, porque ele me olhava justo nos momentos em que eu olhava pra ele. Eu tinha os olhos interrogativos e ele me olhava sem explicitude. Quer dizer, bom leit@r, deve haver algum entendimento em olhares, mas fiquei sem saber.
Nos bancos de espera, as mulheres falavam sobre seus cachorros de estimação.
Uma delas, uma preta bunduda, me olhou com desafio, quando atravessei sua frente para vir embora.
Então, eu passei sem considerar seu desafio.
Antes que eu tivesse sido chamado para a coleta do sangue, essa preta aconselhava a outra senhora a se desfazer de seu cachorro, um filhote de pitbull. A outra assentiu.
No caminho de volta pra casa, vinha pensando em como não somos livres, apesar de a vida mesma não ser fixa, parada, presa.
segunda-feira, agosto 26, 2013
Naquele dia em que eu estava aqui em casa pintando minhas
carinhas e que chegaram Rafael Saar e Arthur Leite, cheios de silêncio, como
quem pisasse em nuvens, e começaram a filmar, eu, com minha cara
desconfiadíssima, mas entrado no clima, toquei algumas de minhas músicas.
Depois, demos o nome ao filme de “Os Vizinhos de Trás”.
Quando vi o filme só conseguia reparar na minha esquisitisse
e na execução não ideal das músicas, o bom leit@r sabe, olhar pra gente mesmo é
muito, muito atraente, ao mesmo tempo em que muito esquisito, feioso e cheio de
defeitos.
Mas outro dia, ao mostrar pro Sacramento, ele pediu para que
eu olhasse para as qualidades do filme, enquanto tela de cinema e tudo.
Moral da estória: o Rafael inscreveu “Os Vizinhos de Trás”
no “Cinemúsica” de Conservatória, que é um festival de cinema focado na trilha
sonora dos filmes. Esse ano, o tema do festival é o rock brasileiro. E "Os Vizinhos de Trás" está programado para dia 06/09 às 22 horas.
Bora lá!
domingo, agosto 25, 2013
quinta-feira, agosto 22, 2013
Felipe mandou uma foto de quando gravava as músicas,
ante-ontem.
Eu lhe disse que, quando divulgássemos as gravações,
divulgaria com o nome de Poema Maldito, já que em torno às minhas músicas e
livros sempre houve esse pejo amaldiçoado. Então, ele nomeou a foto.
Poema Maldito também é o nome que escolhi para a
apresentação de músicas que faremos, eu e Raul Corrêa, em BH e Vitória.
E é aquela estória que contei pro Tive e que ele me devolveu
no poema que musiquei.
Formando...
quarta-feira, agosto 21, 2013
Ontem, estive no estúdio do Felipe Castro - Estúdio B – Tomba Records - pra fazer umas
gravações, voz e violão, de minhas músicas mais novas. E gravei uma ou duas
mais antigas.
A idéia é fazer um registro voz e violão pra divulgar
depois, talvez, num disco.
O legal é que vieram os pássaros do bairro e alguns
cachorros ao longe participar. Muito, muito bom.
Quando vimos isso, deixamos a porta aberta...
Enquanto o Felipe manuseava a máquina de registrar o som,
tirou algumas fotos.
Veja:
peixe - Luís Capucho (subtítulos en español)
É muito legal ver os outros sentidos que ganham a música, quando ela tem de atravessar pra outra língua. O Tive, que fez a tradução do Cinema Orly para o espanhol, fez isso também com algumas de minhas músicas que colocamos no youtube. A última que fez, foi “Peixe”. E ler a legenda do vídeo, é mesmo como ouvi-la em outro país. Veja, bom leit@r:
segunda-feira, agosto 19, 2013
Quando cheguei a Niterói, no final dos anos 70, não sei como,
descobri um cinema na pracinha de Venda da Cruz, onde eu conseguia entrar para
ver os filmes proibidos daquela época.
Ontem, fui levar Pedro para conhecer o lugar.
A praça é bem menor de como eu a tinha na lembrança.
E no centro dela, fizeram uma cobertura, onde um bando de
medigos estavam fazendo a hora do almoço.
Em torno à pracinha, uns botecos, restaurantes e três
igrejas evangélicas, incluindo onde era o cinema, em que eu assistia aos filmes
proibidos para menores de 18 anos.
Então, a gente entrou por umas das ruas de menos movimento
que saía da praça e um quarteirão depois, já não estávamos em Venda da Cruz,
mas no Barreto.
E, silencioso leit@r, o panorama de casas e ruas tornou-se
completamente outro em questão de um ou dois quarteirões. Fiquei impressionado
com a mudança de aspecto de tudo.
E a gente veio andando, conhecendo os lugares, conversando
e, acredite, quando vimos, estávamos perto da ponte e decidimos vir andando até
ao centro de Niterói, quando pegamos o ônibus pra casa.
Moral da Estória: igreja evangélica goleia de muito cinema proibido.
Eu e Pedro esperando o ônibus para Venda da Cruz:
domingo, agosto 18, 2013
O silencioso leit@r que olhou o Blog Azul, ontem, viu o que
disse sobre eu e mamãe não termos tido casa, quando eu era pequeno. E que isso
era a impressão de estar em todo lugar e em lugar nenhum.
E viu em outros posts que não tenho falado mais do incômodo
de ter vizinhos que marcam território com barulho, quer dizer, bom leit@r,
moradia sempre foi um lance cármico na minha estória e não vou ficar insistindo
nisso.
E também viu que estou adorando o livro do americano Henry
David Thoreau, que no século XIX, construiu sua casa na floresta, à beira do
lago Walden.
Então, ele fala bastante de sua casa na floresta e vou
transcrever aqui um trechinho bem bonito que sublinhei no livro:
“O tempo e o espaço haviam mudado, e eu morava mais perto
daqueles lugares do universo e daquelas épocas da história que mais tinham me
atraído. Onde eu vivia era remoto como muitas regiões vistas à noite pelos
astrônomos. Costumamos imaginar lugares raros e maravilhosos em algum canto
mais celestial e longínquo do sistema, para além da costelação da Cassiopéia,
longe do barulho e da agitação. Descobri que minha casa realmente tinha esse
lugar nessa parte tão retirada, mas sempre nova e inviolada, do universo. Se
valesse a pena se instalar naquelas paragens perto das Plêiades ou das Híades,
de Aldebarã ou de Altair, realmente era lá que eu estava, ou pelo menos a uma
igual distância da vida que deixara para trás, tremeluzindo diminuto com um
raio de luz, tão delgado como o delas, para meu vizinho mais próximo, que o
veria apenas nas noites sem luar. Tal era o lugar da criação de que me fiz
posseiro.”
sábado, agosto 17, 2013
No interior do Espírito Santo, nos anos 70, enquanto o
século XX já havia chegado para algumas casas, para outras, as atitudes e os
objetos ainda eram e estavam no século XIX. Eu e mamãe, que não tínhamos casa,
não estávamos em lugar nenhum, bom leit@r. Mas já tomamos café torrado e moído
em casa e tivemos roupas passadas por ferro de brasa.
Veja:
sexta-feira, agosto 16, 2013
Acho alguns leitores que não
gostam do narrador do “Rato” e falam disso nos seus blogs.
Vai ver, num outro momento
gostassem. Mas não sei se releriam.
O narrador do “Cinema Orly”, é um
narrador querido, silencioso leit@r, mas o narrador do “Rato” agrada menos.
Vejam o que diz a Amanda:
“Eu não sei exatamente o que me
fez odiar esse livro com tanta força. Rato é um romance homossexual
(eu estava ciente disso quando o comprei, e foi justamente por isso que o fiz)
que não faz sentido. O personagem principal é um rapaz tímido, tranquilo e que,
"secretamente", tem desejo por pessoas do mesmo sexo. Mora em uma
espécie de pensão falida, caindo aos pedaços, com sua mãe e diversos outros
homens que variam entre idades e aparências diversas. Ao contrário do que pensei,
o garoto não é nem um pouco profundo, simpático ou divertido de ler sobre.
Personificação da vagabundagem, não trabalha, estuda ou se preocupa com o seu
futuro. Conhece Plínio, um novo morador que é exatamente como ele, fugido de
Santa Catarina e "procurado" pela polícia. Logo na primeira noite,
transam. E a partir daí, começa uma paixão sem nenhum tipo de fundamento que,
honestamente, não fez sentido pra mim. Além disso, a narração do
"romance" é grotesca, fazendo parecer que todas as cenas vão terminar
em uma cena de sexo grupal. O personagem principal não nos cativa, nos enjoa. O
falar é sujo, obsceno, bruto. O problema maior não é nem a descrição das cenas
íntimas do casal (porque não me incomodo com isso), mas a maneira grosseira
como ela se dá. E para mim, que esperava o mínimo de romantismo, talvez um
pouco de diversão, algo como uma história normal (porém com dois homens), foi
uma grande decepção. O autor, contudo, é bastante bem falado e chegou a ganhar
prêmios por causa dos seus romances. Não sei se eu estão assim tão abaixo
do nível intelectual esperado para apreciar esse livro, mas melhor o problema
sendo a minha interpretação, ao invés da narração tosca que eu
encontrei.”
Amanda Tracera.
quinta-feira, agosto 15, 2013
quarta-feira, agosto 14, 2013
Mais uma de minhas telas de carinhas prontas. E começo
outra...
O tempo passa muito rápido, bom leit@r, minha fronte já se
esbranquiça...
O Tiago Silva me mandou a matéria que saiu no jornal de sua
cidade, em Campo Mourão,
no Paraná. É o artigo de Paulo Bentancour sobre minha obra literária.
Quem não leu ainda e quiser ver, veja aqui: http://divirta-se.uai.com.br/app/noticia/pensar/2013/07/20/noticia_pensar,144460/trilogia-suja.shtml
terça-feira, agosto 13, 2013
Avançando um pouco mais com o Walden, de Henry David Thoreau
e gostando muito.
Enquanto estava lendo, numa arquibancada do Jardim São João,
chegaram três garotas e sentaram-se entre nós, os homens sem ter o que fazer.
Abriram à frente delas um enorme poster de Justin Bieber e
olhavam bem de perto a foto e conversavam. Um rapaz desses que dormem nos
bancos de praça, um pouco mais abaixo do degrau em que elas estavam, virou sua
cabeça pra elas e resmungou:
- Não se pode dormir mais quieto, não? – e elas ignoraram
ele. Então, ele tirou de uma sacola uma garrafa pequena de cachaça e
servindo-se num copo de plástico, ofereceu pra um negro velho emborcado do
outro lado. O negro tentou levantar, mas já estava bêbado e não conseguiu.
As meninas ignoraram tudo...
Fui.
segunda-feira, agosto 12, 2013
O cartunista Tiago Silva, que é um cara do sul do Brasil,
postou na página de Luís Capucho, no facebook, uma caricatura muito legal, que
Rafael disse ser de minha pessoa. É claro que só poderia ser eu, então, puxei
assunto com o Tiago que me disse:
- É vc sim! fiz a ilustração para uma
matéria sobre o seu trabalho. Ela foi publicada no caderno cultural do jornal
onde trabalho...
Veja, bom leit@r:
sexta-feira, agosto 09, 2013
quinta-feira, agosto 08, 2013
Gostando muito de Walden, de Henry David Thoreau.
É sincero
e bom.
Eis, um trecho que anotei:
“A qualquer tempo, a qualquer hora do dia ou da noite, eu
ansiava em penetrar na cunha do tempo e também cunhá-lo em meu bordão,
colocar-me no cruzamento de duas eternidades, o passado e o futuro, que é
exatamente o momento presente; por-me ali pleno e pronto. Vocês hão de perdoar
algumas obscuridades, pois há mais segredos em meu ofício do que no da maioria
dos homens, não porque eu os guarde voluntariamente, mas porque são
indissociáveis de sua própria natureza. De bom grado eu contaria a todos o que
sei a respeito, e jamais escreveria “Entrada Proibida” em meu portão.” pg.29
quarta-feira, agosto 07, 2013
Começando a leitura de Walden, livro auto-biográfico do
americano Henry David Thoreau(1817-1862).
Fora isso, passando as músicas do show de BH,
aqui, sozinho.
Em BH, farei com Raul Corrêa.
O local e data ainda são incógnitas...
Por sugestão do Rafael, incluí mais uma
música no roteiro, “Ponto Máximo”, minha com Sacramento:
terça-feira, agosto 06, 2013
Um Cinema Orly, um Rato e um Mamãe me adora para Portugal
Ontem, eu e Pedro conhecemos o Murilo.
Murilo é Baiano e está de partida para Portugal, onde
estuda.
Ele me disse que não faz mais os vídeos que fazia para
compartilhar no youtube. Que vai fazê-los de um outro modo.
Assim, quando nos vimos na Praça Araribóia, havia um garoto
discursando pra o pessoal que chegava do Rio, então, ele se aproximou do garoto
e começou a filmá-lo.
Ele também me disse num momento que o meu Cinema Orly foi um
livro de muita importância pra ele e, aí, bom leit@r, fiquei feliz, porque comprou
todos os meus livros.
Eis um dos vídeos da fase de vídeos que Murilo irá
abandonar:
domingo, agosto 04, 2013
sexta-feira, agosto 02, 2013
Toquei pra Rafael, ontem, a roteiro de músicas para a ideia
de show com Raul Corrêa, em
BH. Ele interferiu muito pouco no que eu já tinha pensado, e
suas interferências levaram adiante o que, de início, eu pensara:
Roteiro:
1- Lua
Singela (luís capucho)
2- Os
gatinhos de Pedro (luís capucho)
3- Vai
querer? ( luís capucho/suely mesquita)
4- Maluca
(luís capucho)
5- Eu
quero ser sua mãe (luís capucho)
6- Soneto
(luís capucho/marcelo diniz)
7- Mais
uma canção do sábado(luís capucho/Alexandre magno jardim pimenta)
8- Máquina
de escrever (luís capucho/mathilda kóvak)
9- Poema
maldito (luís capucho/tive)
10- Cinema íris (luís
capucho)
11- Algo assim
(mathilda kóvak/luís capucho)
Aproveito para dar o link do que
Rafael me filmou aqui em casa outro dia:
quinta-feira, agosto 01, 2013
POEMA MALDITO com guitarra - (Luís Capucho/Tive)
Roteirizando uma mostra pequena de minhas músicas.
A idéia é que eu faça acompanhado de um músico, mas que seja possível que eu faça também sozinho, voz e violão.
A única vez em que me atrevi a mostrar as músicas, somente voz e violão, estava bêbado.
Isso foi nos anos 80.
E quero tentar essa possibilidade outra vez, lúcido, claro.
É verdade, que não gosto de tocar sozinho, fico muito exposto, sou tímido, inseguro, naturalmente.
E depois que meu violão ficou mais rude, por conta de minha incoordenação, gosto menos ainda. Mas estive pensando: convivo com meu violão, sequelado ou não, há mais de trinta anos.
Entre mim e ele, deve ter algo de apresentável, que seja ao menos amor.
De início, em setembro, em BH, farei acompanhado da guitarra de Raul Corrêa.
Depois, faremos em Vitória e, talvez, Cachoeiro, também com Raul.
Chamei Rafael Saar, que me ajudasse.
João Santos fez um release lindo.
Fabrício Fernandes dá força em Vitória.
Cheguei a onze músicas, entre músicas do Lua Singela, do Cinema Ìris e músicas ainda não registradas em disco.
Minha música com Tive, “Poema Maldito”, entitulará a mostra.
O vídeo abaixo tem a guitarra do Raul sobre meu violão. Sobre ele escrevi há alguns meses:
O vídeo abaixo tem a guitarra do Raul sobre meu violão. Sobre ele escrevi há alguns meses:
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"A primeira vez que me encontrei com Raul Corrêa foi no Amarelinho.
Era de tarde e estávamos eu, Simon e Claudia.
Então, ele veio vindo, muito bonito, com umas argolas douradas na orelha, umas unhas azuis, assim, meio um travesti com movimentos de garoto que ficou rapaz, uns gestos de mão, um falar pouco, sentou com a gente, e pediu uma cachaça.
Eu cresci o olho na cachaça dele e pedi uma pra mim.
No meio do assunto, perguntei se seria bom com a mão esquerda.
Disse que talvez.
O resultado está aí":