segunda-feira, dezembro 16, 2013

As Vizinhas de Trás

Pedro veio aqui, ontem, e fotografou minhas Carinhas, As Vizinhas de Trás, novas.

Estou estocando pra uma exposição, mas também quem se interessar como presente de Natal, elas estão à venda.

Enquanto andávamos na rua, fui explicando ao Pedro o sentido delas pra mim. Que penso, elas virem da tradição de colorir e ampliar fotos 3x4, que o pessoal do interior gostava. Uma vez ou outra passava um vendedor ambulante oferecendo o serviço, leit@r. Mamãe tem uma dessas pinturas que usamos para capa do “Mamãe me adora”.

Eu já falei ao meu silencioso leit@r, aqui no Blog Azul, que Pedro acha que minhas meninas são de época, quer dizer, talvez, sejam mulheres que tenha visto na década de 60 e 70, época em que via esses retratos ampliados nas salas dos bairrozinhos onde morei em pequeno.

Talvez, todas sejam mamãe.

Talvez, todas, eu.

Daí, o nome Vizinhas de Trás, se liga...

Estou pensando, como disse outro dia, em padronizá-las todas em quatro Carinhas por tela. Por que como elas são meio tortas, leit@r, o quatro equilibra as suas tortuosidades, ta se ligando, silencioso e generoso leit@r?

Vejam:





Um comentário:

Alexandre Souzza disse...

Há algo de profundamente pessoal nesses rostos inexpressivos e disformes, e que contrasta justamente com o distanciamento e frieza próprios dos registros em 3x4. Pessoas comuns, ordinárias na aparência, suspensas em tensão e apreensiva postura, desconfortaveis com o olhar invasivo da lente fotografica (talvez temerosas em terem algo revelado sem querer). Como os registros do 3x4 não permite retoques e costuras, não é possível esconder (nem debaixo de camadas de maquiagem) o que tantas vezes se dissimula. É quando uma foto (uma imagem) revela o que se levou uma vida inteira fingindo (ocultando). Não sei se exagero meu, mas essas mulheres me pareceram na maioria, castigadas demais pela vida, não depressivas ou derrotadas mas profundamente melancólicas. Nesse sentido, as cores na qual lançam mão é mais uma tentativa de encobrir seus azuis e flutuações de cinzas no olhar. Mas esta é apenas uma leitura, talvez apressada demais já que esses 'retratinhos' remetem outros sentimentos (e vivências). Talvez seja preciso observar mais, enxergar novas texturas além do superficial. Quem sabe tanta tensão se deve porque o mulherio quer sair logo, da mira do retratista, e ir se divertir num inferninho (do centro ou da perifa)!