Antigamente, quando eu nadava no Ingá, todos os dias, quando o ônibus entrava na Miguel de Frias, tinha uma senhora sentada na esquina com as pernas estiradas, como só as mulheres conseguem se sentar.
Sempre me chamava a atenção, aquela mulher ali, como uma senhora de uma família qualquer, que não tivesse mais um lar, uma família e tudo, e para quem os transeuntes, em sua maioria, fugiam do olhar, ou porque ela estivesse sentada na calçada e, desse jeito, não existisse ou porque ninguém mais, mesmo, tenha coração.
Agora, quando passo no ônibus, tem uma senhora que está sempre na calçada da 5 de Julho.
E a impressão é a mesma.
Ela forra um papelão no canto da calçada, na beira do muro e sob uma árvore.
Como aquele quadro famoso da Vênus Deitada, ela se recosta, meio de lado, na almofada de um bolsa cheia de panos, os quadris cheios sobre o papelão, bunda recostada na parede do muro, e os pés, um pouco mais altos, almofadados numa trouxa de panos.
Ela fica ali absorta, os adolescentes vindo e indo para a escola alheios a ela e ela, por sua vez, alheia também, como se estivesse em sua sala, absolutamente despreocupada, o semblante limpo, zen.
Eu, quando a vi de minha janela de ônibus, pensei:
- Nossa mãe! Ela é uma rainha e ninguém ta se dando conta! Que coisa!
Por sua vez, Walter também tem uma história dessas pra contar:
http://revistacontemporaneaed04.wordpress.com/artigo-contemporaneo/
domingo, abril 18, 2010
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