A chuva me pegou indo para a escola, Senhor Mavinho.
E quando vim pra casa, a cidade parada, aquela porrada de estudantes nos pontos de ônibus, o visual bonito dos guarda-chuvas abertos, muita cor na noite molhada, quando veio meu ônibus, chacoalhei dentro dele por mais de uma hora, num horário em que normalmente faria em 15 minutos.
Eu ficava numa euforia danada, quando tinha enchente nos córregos de minha infância. Apareciam cobras, aranhas caranguejeiras, os bichos todos, que moravam na beira do rio, vinham. E os adultos soltavam os bichos dos quintais, pra que os bichanos não morressem afogados. Eu ia nadar na rua, na água suja, entre os bichos, as galinhas adorando assustadas, os leitões, os cachorros numa alegria doida.
E eu mais ainda.
Dentro do ônibus eu também estava feliz com o sumiço repentino do cotidiano.
Mas aí, depois, quando voltou a luz e vi na televisão, me dei conta de que morreu um monte de gente...
quarta-feira, abril 07, 2010
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