Eu iria fechar a janela, pensei em fazê-lo, mas tive receio
de que abafasse o quarto e não fiz. Iria fechar porque ele poderia se formar
outra vez e voltar e me pegar dormindo. Quando o vento entra em golpes pelo
quarto, à noite, acordo de nariz entupido, cheio de catarro e tudo. Tinha de
fechar a janela.
quarta-feira, setembro 26, 2018
terça-feira, setembro 25, 2018
Estava pensando, ontem, à noite,
sobre o vento que entrou por minha janela. Veio uma corredeira de vento mais
frio e parou. Então, eu me lembrei de um ano novo, talvez, 2016, na Praia de
Icaraí, em que uns quinze minutos antes da virada, veio um vento, agradável no
verão, que pela intensidade dele, dava pra ver que seu corpo tinha a
envergadura de toda a praia. Era um corpo enorme, um bloco enorme de vento que
pegava toda a extensão da praia, talvez, a cidade inteira.
Mas o vento que entrou, ontem,
correndo por minha janela, não parecia estar no vale inteiro. Não tinha na
minha impressão, um corpo grande assim. Eu estava muito atento a seu som, e
percebia seu tamanho por ele. Parecia ser um vento que tivesse nascido no outro
quarteirão, dentro do vale mesmo onde moro, um vento pequeno, que pudesse caber
dentro de outro vento. E que parecia morrer logo aqui, dentro do apezinho.
Fiquei muito atento ao corpo dele e meio com medo, quando ele tilintou uma
garrafa, sem que parecesse ser ele. Depois, ainda sem parecer que fosse ele,
uma lata soou, antes que ele tivesse morrido totalmente.
Isso foi, ontem.
E tinha pensado em fechar a
janela...
Então, sobre as coisas que não se desdobram de minha janela,
há dentre as muitas casas que vejo na rua de trás, fico parado em duas delas. E
paro também numa árvore, que dá a impressão de ser uma árvore gigante, com um
caule fortíssimo, que vá se abrir em muitos galhos de folhagem espessa, mas que
ainda é um filhote.
segunda-feira, setembro 24, 2018
O sol já tá diferente, não é mais
o sol que a gente procura na rua, de que a gente sente falta. Eu sinto que isso
aconteceu há uns três dias, mais ou menos, em acordo com a entrada do que se
convencionou chamar de Primavera. Da minha janela, entra os barulhos de longe e
de perto. Os passarinhos engaiolados todos os dias, os cachorros ao longe, todo
dia, os galos, os aviões, os ônibus, todo dia. Aqui no vale não há barulho que
eu estranhe, daí, a verdade, é que há um silêncio, dentro disso, desse todo dia
constante.
Não conheço os passarinhos
engaiolados, não conheço os cachorros e os galos mais de longe, que estão vivos
como eu. Também não conheço as pessoas no ônibus e as pessoas no avião, muito
longe e rápido, no céu. Dentro do mundo onde estou, mais desconheço do que sei.
E me sinto bem com isso. Consigo me mover aí, porque sou pequeno.
Se eu fosse maior e conhecesse
mais as coisas, teria mais espaço para me locomover. Eu me locomoveria melhor
nos espaços em que quisesse, por exemplo, voar. Como o sol. Também um vivo,
como eu. E que ficou diferente, mas voltará a ser o sol que procuramos, no
próximo inverno. É preciso viver cada etapa do ciclo, em seu ritmo, respirar no
ritmo, bater o sangue no ritmo.
Da minha janela tem as coisas que
eu ouço sem ver e tem as coisas que eu vejo. São coisas que não se desdobram em
outras e são sempre as mesmas. Os aviões e as maritacas vêm todos os dias voar
no e sobre o vale, e esses acontecimentos, não se desdobram em outros.
Essa foto, Pedro, tirou.
E é dos meninos Álvaro e João fazendo
cena no 8º Festu:
sábado, setembro 22, 2018
A gente vai assistir aos meninos João e Álvaro apresentar a cena O Desvio Autoritário de Uma Idéia: Daqui pra Lá não Existe Meu Mundo, no 8º Festu- Festival de Teatro Universitário. Eles usaram A Música do Sábado (kali C/luís capucho) para completar o título e João me disse que ela também estará na cena, quer dizer, não podemos perder isso, será uma alegria muito grande.
sexta-feira, setembro 21, 2018
É certo que a vida vem em ondas, e
é uma coisa louca que eu venha aqui por mais de uma década, escrever. Então, o
Blog Azul é uma piscina de ondas. Se a gente for rolando o histórico dele, é
possível identificar cada tamanho de onda, cada cume dela e cada vez que ela
vai lá embaixo, numa volta, e recomeça a subir. É uma grande piscina de ondas,
não de marolas.
E estou vendo-imaginando que cada
onda tem a sua atmosfera, algo que brota dos textos-dela e que tem um jeito típico,
que não seria possível em outra onda e tudo. Porque ela é e tem um caminho, que
não volta. Apenas tem continuidade. Então, por exemplo, estou pensando nas Cartas para o Edil do fim dos ano 80 e início dos 90. E que
foram surpreendentemente publicadas na revista Amarello, nº #29, acho que mês
retrasado. Elas tem um clima que não repito aqui, que não repetirei mais em
lugar nenhum. Porque é uma outra piscina, como são outros, os textos do Diário
da Piscina. Eu sei que deve haver um estilo, uma marca que seja minha e que
isso serve de canal entre todas as minhas piscinas e que faz conexão também com
todos meus outros tempos e lugares. Ao mesmo tempo, também com textos de outras
pessoas e de outros estilos.
Poderia dizer que são ondas do
mar. Não são.
Veja:
quinta-feira, setembro 20, 2018
Então, ninguém entende de
política. Eu fico vendo as pessoas falando na minha bolha e todos têm um
discurso voltado para os candidatos com plano de governo que considere as
minorias e, ao mesmo tempo, com uma política econômica inclusiva, tipo, todo
mundo com a possibilidade de uma vida razoável.
Eu mesmo, que não entendo de
política, me posiciono e votarei no Guilherme Boulos, que é um candidato, de
meu ponto de vista, mais radical, porque aparece pra mim como um cara mais
direto, sem rolo e é isso. O outro candidato reverso à minha bolha e que diz
que vai governar para a maioria, portanto, a maioria vai votar nele, deverá
ganhar as eleições. E isso será o justo, não há o que fazer.
Vamos ao segundo turno.
quarta-feira, setembro 19, 2018
A gente foi ver uma peça em que
um trans-mulher pegou pra si a representação de Jesus, pra se dizer expulso sem
razão da nossa sociedade. Aí, pegou logo um personagem principal e grande pra
ser e desse jeito dizer, ué, por que não, muito sexo?
E tinha uma platéia enorme de
estudantes, uma plateia que com certeza não se formaria há 20 anos atrás.
Então, eu pensei que é preciso ter uma platéia formada antes de se formar um
espetáculo. É preciso haver um rebuliço antes, fama, a fama de Jesus, para que
se formasse o auditório. Não fosse assim e jesus seria um São Monteiro
qualquer. E, aí, não sei, por que Jesus ficou tão famoso? O caso é que o
autitório ficou lotado de estudantes para ver Jesus. E era uma mulher-trans.
Pronto! Pra mim, ta dentro.
terça-feira, setembro 18, 2018
Ontem, mandei As Vizinhas de Trás
– max para Vila Velha, ES, pra Fernanda. A moça dos correios me cobrou um preço
absurdo para o envio e, quando lhe falei que eu tava me sentindo roubado, me
disse que é a nova política. Ela me perguntou se eu poderia dobrar as Vizinhas,
porque o que encarecia era o comprimento das bichanas. Não, não podia.
Então, a política dos preços de envio deixou de considerar apenas o peso,
para considerar também o comprimento. Isso me lembra, quando começaram a cobrar
laranja por peso, ao invés de quantidade, a dúzia. Banana também era dúzia.
Porque a lógica da política de preços é qual?
segunda-feira, setembro 17, 2018
Ainda, nas coisas que vêm se
formando sem que a gente se dê conta e, por isso, nos pegam de surpresa, ontem,
a noite se formava sobre a ponte, quando o Pedro disse:
- O carro
vai parar, tou sentindo alguma coisa errada com ele – e aí, foi levando o
bichano pra pista que ladeia a balaustrada, ali, rente onde os suicidas se
jogam no mar da baía. E o carro parou.
Eu disse:
- O que tem de fazer? Tem aquele
ícone de sinalizar pra os outros carros que a gente ta parado aqui?
- Não, não tem. Desça e vá lá
atrás, sinalizando com a mão, pra eles, enquanto eu vejo o que aconteceu. Vou
abrir o caput.
E quando eu saí do carro era a
surpresa total. Já era noite. A gente no meio da ponte, eu sinalizando aos
faróis em alta velocidade para irem mais à direita e pra que se desviassem da
gente, a cidade toda iluminada e iluminando pesadas montanhas de nuvens sobre o
cristo, sobre ela, um vento forte batendo. E eu no meio sonho e meio pesadelo
da situação, os automóveis vindo em alta velocidade, os que vinham atrás dos
primeiros não me viam fazendo sinal, estava perigoso e lindo.
domingo, setembro 16, 2018
A gente fica surpreendido com umas
coisas que aparecem na gente, porque não as vê se formando. Então, quando vê,
já é. E, aí, tem de lidar. Ontem, à noitinha, eu tava me sentido bem estranho,
assim, deslocado, sem saber me explicar bem, me sentindo, assim, mal. Uma hora
depois disso e sem que eu tivesse me drogado, bebido água ou comido nada, eu
comecei a me sentir muito colocado, e dizendo exato, eu tava me sentindo foda!
A gente não vê as coisas se
formando e elas aparecem de surpresa, enquanto estamos ligados noutra coisa. E
a impressão é a de que sempre estamos lidando com o desconhecido. Então, agora,
pra escrever aqui no Blog Azul, a tentativa é de me dar a situação, tentar me
situar no que veio se formando e no que é e está, no momento, agora.
Estou fazendo um uso prolongado
do Bactrim. Eu me esqueço das alterações físicas, na minha carne, no meu
sangue, que vão se configurando no meu corpo, para que eu tente, com ele, o
Bactrim, que minha uveíte não se desenvolva, outra vez. Três vezes por semana,
tenho tomado os dois comprimidos brancos, redondos, achatados, grandes, dele. E
não estou me dando conta do que está se modificando, ou do que ele está
ajudando a modificar, lentamente, para que a uveíte não volte. Quando eu for
olhar, minha nova configuração já se formou.
sexta-feira, setembro 14, 2018
Eu disse, na semana passada, de
minha faxina ter se transformado na busca por uma foto dentro de um livro. Uma
foto que eu adoro e que, depois de ser encontrada, pedi ao Pedro que
emoldurasse. Quero tê-la de lembrança na minha parede. Acontece que, além de
não ter mostrado a foto naquela postagem, também contei ao meio a estória dela.
O Núcleo Canção da UFRJ tem, há
mais ou menos, um ano, um programa de entrevistas com artistas da música, que
ainda não tinham sido de interesse da universidade. Chama-se Escuta. E me
tornei o transcritor dessas entrevistas, porque fui o primeiro entrevistado - https://www.youtube.com/watch?v=_mf1plY6_zg
– e, daí, transcrevi minha própria entrevista. Como curti, pedi pra que eu
transcrevesse outras também. Atualmente, tou transcrevendo a do artista Caio
Prado.
Na minha entrevista, os
entrevistadores, na época, Rafael Julião e Isabela Bosi, puxaram o veio do
filme La Nave Va – minha música com Manoel Gomes - e indo por ele fomos vendo
que o disco Poema Maldito poderia ter a ver com a viagem funeral da cantora do
filme. Na entrevista, eu me lembro de ter falado que meu disco não é um disco
triste e que eu não conseguia entender porque os amigos que ouviam, diziam ter
vontade de chorar. Porque, eu dizia, a minha música é cheia de pensamento e
isso, o pensamento, é avesso ao choro. Bom, pode ser que isso não seja a
verdade.
Um tempo depois, eu quis fazer a
foto com esse motivo, porque essa estória do navio, do barco, da música, do
pranto, do sofrimento, do pensamento e da morte, é tão cheia de mistério. E a
usamos, há um ano, para o lançamento do livro Diário da Piscina, em Vitória – ES.
Vejam:
quinta-feira, setembro 13, 2018
Tenho pensado que minha produção
de música e livro – e agora tenho feito As Vizinhas de Trás – desde o início
não tem nenhuma intenção combativa. É mais uma queixa. Ou registro. Um mimo que
tenho pra mim mesmo, pra eu ter um mínimo de alegria e tudo.
Para se fazer combate, é
inteligente que se tenha ordem e disciplina. Que haja um plano, mapas de
combate, planilhas logísticas, qual será a movimentação no front, qual será na
retaguarda, uma coisa de olhar pra tudo de fora, do alto, com a impressão de se
estar dominando pra, enfim, a intensão de dominar. De ganhar o território.
Para meus registros e queixas,
tudo pode se dar no caos. Embora, quando emarenhe demais, eu, literalmente,
perca um tempo arrumando a casa.
Dessa vez, no primeiro dia limpei
o peitoril das três janelas e o altar que tenho em meu quarto, ao lado da cama.
Porque são coisas de pedra. Demorei três dias pra deixar o restante do
apezinho, tudo, minimamente limpo. Então, ficou tudo mais fresco e bom de
respirar. E o vento mais fresco que tem vindo do sul, sem ser combatente, sendo
como eu, dominou tudo aqui.
quarta-feira, setembro 12, 2018
Faz muito tempo, quando morava em
Papucaia, escrevia muito sobre minhas viagens de ida e volta, para vir estudar,
que eu ainda tava terminando a minha graduação na UFF. E lembro de ter usado
uma palavra pra me referir àqueles cortes nas colinas que as estradas fazem
para passar.
Depois, quis usar de novo essa
palavra e não consegui. Me vinha a imagem dela, sem forma definida, e eu
tentava pronunciar o som, mas o que me vinha não era suficiente. Ela vinha na
boquinha de garrafa e não terminava de sair, não saía.
Isso dela vir pra fora e eu
conseguir usá-la, aconteceu outras vezes, além e depois das vezes que utilizei
ela nos textos que escrevia sobre as viagens NiteróixPapucaia. E, na semana
passada, ela se prendeu outra vez dentro da garrafa, não saiu. Dei uma googada
no sentido, pra ver se ela estava, fui nos dicionários topográficos,
cartográficos e nada.
Quando Pedro apareceu, fui contar pra
ele da minha busca e da minha decepção. Aí, enquanto eu contava, ela veio e
botei pra fora: Talude.
terça-feira, setembro 11, 2018
Edevaldo - O Que
Ontem, eu tava vendo que eu gosto
muito das letras e músicas do Edevaldo, que o Vitor me apresentou. As suas
melodias são cantadas na casca, onde são mais duras e secas. Mas no fundo
delas, indo mais pra dentro, elas são macias, suaves. E o violão que ele faz, é
lindo demais também, um violão brilhante, com detalhes pedregosos.
muito das letras e músicas do Edevaldo, que o Vitor me apresentou. As suas
melodias são cantadas na casca, onde são mais duras e secas. Mas no fundo
delas, indo mais pra dentro, elas são macias, suaves. E o violão que ele faz, é
lindo demais também, um violão brilhante, com detalhes pedregosos.
Vejam:
O que
(Edevaldo)
O que você quer fazer
O que você quer saber
O que você quer falar
O que você está fazendo
O que você tem
O que você não tem
O que você quer
O que você não quer?
O que você quer
O que você não quer?
O que você tem
O que você não tem
O que você quer
O que você não quer?
O que você quer
O que você não quer?
O que você quer fazer
O que você quer saber
O que você quer falar
O que você está fazendo
O que você tem
O que você não tem
O que você quer
O que você não quer?
O que você quer
O que você não quer?
O que você tem
O que você não tem
O que você quer
O que você não quer?
O que você quer
O que você não quer?
O que você tem
O que você não tem
O que você quer
O que você não quer?
O que você quer
O que você não quer?
O que você tem
O que você não tem
O que você quer
O que você não quer?
O que você quer
O que você não quer?
segunda-feira, setembro 10, 2018
Eu fiquei muito Feliz com As Vizinhas de Trás – max, que fiz
para a Fernanda. E que hoje pela manhã autentiquei a assinatura pra lhe enviar
a tela, em Vila Velha. Mas quando Pedro foi embrulhar pra eu colocar no
correio, manchou sua mão de vermelho. Aí, voltei com ela pra minha parede, para
que se seque melhor:
domingo, setembro 09, 2018
Há um tempo, começaria escrever
aqui, no Blog Azul, está um dia de domingo belíssimo em Niterói, com os
passarinhos engaiolados do Vizinhos do Térreo gritando. Depois, diria que algum
Vizinho de Baixo entrou no prédio batendo com força a porta de metal da entrada,
subiu os primeiros degraus do prediozinho, silenciosamente, e desapareceu sem
que eu conseguisse notar se sumiu para dentro do 201 ou se para dentro de 202.
Da forma como escreveria há um
tempo atrás, escrevo agora, porque os dias belíssimos de domingo ão de se
repetir muitíssimas vezes pela existência dos dias, vida afora. E não há motivo
que me faça escolher dizer as coisas do domingo de outra forma que não essa.
É isso.
sexta-feira, setembro 07, 2018
Comecei a reparar que eu perdia
uma ideia já faz tempo, isso não é novidade, agora. Tem algumas que ainda nem
terminaram de se formar e já se desintegraram. E, aí, quando você vai pegá-las,
elas já não estão mais lá, não existe mais corpo nenhum onde elas estavam.
Quando eu era criança, a sensação era a mesma da que eu tinha, quando levava um
tombo.
Então, preciso fazer as coisas na
hora em que elas me vêm no devaneio. Se não embarco, quando chegam, esqueço.
Ainda há pouco me veio na mente introduzir uma música – me veio a música na
cabeça – com aquilo que faço na música Velha, que é um bordado de bordão que o
Gilberto Gil faz na música “Não chore mais”. Na música Velha, esse bordão da
“Não chore mais” cria um efeito diferente pra ele próprio, encaixado no contexto
melódico da Velha. E como introdução dessa música que pensei ainda há pouco,
ganhava mais diferença ainda. Mas não experimentei fazer no violão, quando essa
ideia veio, e me esqueci qual era a música onde queria fazer isso.
Eu sei que outras idéias virão,
com e para outras músicas, intuo que isso, esses embriões, virão noutras vezes,
porque o pensamento da gente ta sempre indo pra algum lugar, mas, pow, não
precisava perdê-los assim, tinha de lembrar, esse, especialmente, chegou há
pocas horas atrás, não tinha de ter esquecido.
quinta-feira, setembro 06, 2018
Fazendo faxina:
Tenho aqui, guardando há mais de
trinta anos, quatro plaquinhas de vidro, que eram prateleiras de um armário que
havia no banheiro da Cabeça de Porco em que morei nos anos 80. Isso é uma coisa
muito louca, eu guardo as placas, eu estou lhes dizendo. Só agora é que comecei
a me dar conta disso e faz, mais ou menos, um mês, tenho olhado pra elas
pensando que vou jogar fora.
Demoro
demais pra fazer a limpeza, porque minha atenção vai pra outra coisa, não
consigo manter o foco, por exemplo, quando limpava aqui, onde fica o computer,
me lembrei de um, tipo, cartão que o David, através do Sesc Gloria, em Vitória,
fez do lançamento do Diário da Piscina que fizemos lá. Ele fez o cartão com uma
foto que eu adoro, que é uma foto que eu quis fazer por causa da La Nave Vá
(luís capucho/Manoel Gomes), que é a primeira música do Poema Maldito. Então,
eu pedi ao Pedro que me fotografasse dentro de um barco, como se o barco fosse
o barco do Caronte. E, aí, coloquei a minha Camisa de Fazer Shows, pintei o meu
olho, na praia da Eva e Adão, e ele tirou muitas fotos, que eu adoro.
E o tal, tipo, um cartão foi
feito com uma dessas fotos. Quando tava aqui limpando, me lembrei que o tinha
colocado dentro de um livro. E a limpeza se transformou por mais de uma hora na
busca pelo livro. Qual livro eu não sabia. Apenas teria de achá-lo. Sim, eu
encontrei e parece que foi sem querer. O livro não estava aqui, estava na sala.
segunda-feira, setembro 03, 2018
Esse incêndio, ontem, no Museu
Nacional foi de enlouquecer uma pessoa, uma pessoa louca que ateou fogo na
própria casa, no próprio quarto, na cama, colchão, roupa, no corpo. Alguém
disse no jornal que o Brasil se suicidou. Acho que, antes, enlouqueceu. Eu tava
vendo no youtube outro dia um documentário sobre uma casa de louco em Minas e
que na época do império era casa de repouso de gente rica, mas com o tempo foi
virando depósito de gente louca pobre. E que era tratada meio como lixo. O
Brasil louco sempre tratou pobre como lixo. E agora tão tratando suas próprias
coisas como tal. Deixou queimar a casa do Brasil Colonial. Do Brasil
Loconial. Não é pra entender mesmo. Loucura!
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