Ainda, nas coisas que vêm se
formando sem que a gente se dê conta e, por isso, nos pegam de surpresa, ontem,
a noite se formava sobre a ponte, quando o Pedro disse:
- O carro
vai parar, tou sentindo alguma coisa errada com ele – e aí, foi levando o
bichano pra pista que ladeia a balaustrada, ali, rente onde os suicidas se
jogam no mar da baía. E o carro parou.
Eu disse:
- O que tem de fazer? Tem aquele
ícone de sinalizar pra os outros carros que a gente ta parado aqui?
- Não, não tem. Desça e vá lá
atrás, sinalizando com a mão, pra eles, enquanto eu vejo o que aconteceu. Vou
abrir o caput.
E quando eu saí do carro era a
surpresa total. Já era noite. A gente no meio da ponte, eu sinalizando aos
faróis em alta velocidade para irem mais à direita e pra que se desviassem da
gente, a cidade toda iluminada e iluminando pesadas montanhas de nuvens sobre o
cristo, sobre ela, um vento forte batendo. E eu no meio sonho e meio pesadelo
da situação, os automóveis vindo em alta velocidade, os que vinham atrás dos
primeiros não me viam fazendo sinal, estava perigoso e lindo.
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