segunda-feira, setembro 24, 2018

O sol já tá diferente, não é mais o sol que a gente procura na rua, de que a gente sente falta. Eu sinto que isso aconteceu há uns três dias, mais ou menos, em acordo com a entrada do que se convencionou chamar de Primavera. Da minha janela, entra os barulhos de longe e de perto. Os passarinhos engaiolados todos os dias, os cachorros ao longe, todo dia, os galos, os aviões, os ônibus, todo dia. Aqui no vale não há barulho que eu estranhe, daí, a verdade, é que há um silêncio, dentro disso, desse todo dia constante.
Não conheço os passarinhos engaiolados, não conheço os cachorros e os galos mais de longe, que estão vivos como eu. Também não conheço as pessoas no ônibus e as pessoas no avião, muito longe e rápido, no céu. Dentro do mundo onde estou, mais desconheço do que sei. E me sinto bem com isso. Consigo me mover aí, porque sou pequeno.
Se eu fosse maior e conhecesse mais as coisas, teria mais espaço para me locomover. Eu me locomoveria melhor nos espaços em que quisesse, por exemplo, voar. Como o sol. Também um vivo, como eu. E que ficou diferente, mas voltará a ser o sol que procuramos, no próximo inverno. É preciso viver cada etapa do ciclo, em seu ritmo, respirar no ritmo, bater o sangue no ritmo.
Da minha janela tem as coisas que eu ouço sem ver e tem as coisas que eu vejo. São coisas que não se desdobram em outras e são sempre as mesmas. Os aviões e as maritacas vêm todos os dias voar no e sobre o vale, e esses acontecimentos, não se desdobram em outros.
Essa foto, Pedro, tirou.
E é dos meninos Álvaro e João fazendo cena no 8º Festu:

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