Desde que o Cinema Orly foi publicado, em 1999, pela Ficções de Interludio, que eu sinto as maravilhas acontecerem pra mim. Então, depois disso, eu me pego pensando em qual maravilha virá, agora? Eu tou dizendo assim, mas eu sei que as maravilhas são resultado de uma vibração coletiva, uma energia em que neguinho vai chafurdando, eu também, junto, e, de repente, aparece o resultado disso que é uma maravilha pra mim.
Quando o Cinema Orly foi fechado e estivemos lá para filmar o Peixe - do Rafael Saar -, eu tive uma crise de choro de que eu não conseguia sair. Ver o cinema ali, aceso, apodrecendo sem ninguém, me deixou muito emocionado. Fiquei um tempo dentro daquilo, chorando, e foi uma coisa boa, no final. Nesse dia, conhecemos a Caroline Valansi, que foi quem tinha nos aberto o cinema em decomposição pra gente fazer o filme. E ela nos contou que tinha uma coisa muito forte ali dentro, ele tava vazio ali, mas a vibração existia, o assombro tava lá, a maravilha.
Depois do Diário da Piscina(É editora/2017), a maravilha foi os De Casa em Casa. Fizemos o primeiro no Sirineu Ciro, depois Claudia Maia, Márcio Caminha, Babel - Gilberto de Abreu, Leonardo Rivera, Eraldo Brandão, Casa 46 – Madame Liza – Eduardo Nahum Ochs, Audio Rebel, Alexandre Porto, Bruno Cosentino, Kai Lani e, agora, que Vitor Wutzki precisou de um hiato, vamos chegando ao fim. Faremos um último no Paulo Barbeto, apenas eu e a bateria-mirim do Felipe Abou Mourad.
Cada um dos nomes que eu citei aqui, incluindo os músicos e Pedro Paz, abre para um coletivo inesquecível de pessoas que foram nos assitir em cada sala, varanda e quintal. E isso tudo é muito foda. Não tenho como agradecer. Eu nunca tenho como agradecer, porque é de minha natureza mais pedir do que dar. Também não vou chorar, porque essa maravilha, diferente do Cinema Orly, ela é real pra caramba, como vocês podem ver, a gente tocando Lua Singela no De Casa em Casa na Kai Lani. E o cinema, vocês sabem, é fantasia.
Também porque teremos dois choros finais: um dia 19 de maio, em SP, na Mostra Todos os Gêneros, do Itau Cultural. E depois, apenas eu com a sanfona do Fernando Bastos Trigo de Negreiros, em Itaipava, dia 26, no níver do Maurício Kiffer.
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