quarta-feira, maio 30, 2018


Há um ano atrás, fui no correio aqui de Niterói para enviar um Diário da Piscina para Copacabana. O livro, lançado em janeiro, no contexto dos outros que escrevi, logo deixou de ser nacido, ficou na lista dos melhores de 2017, na revista 451, especializada em leitura, em livros.
Em junho do ano passado, quando iríamos lançar o “Diário...” aqui no Rio de Janeiro, quisemos que fosse na piscina. Mas não rolou. Fizemos um lançamento inesquecível pra mim, emocionante, na estréia da peça Cabeça de Porco, dos-as meninos da Prática de Montação.
Agora, nesse tempo angustiado, o De Casa em Casa vai pro fundo da Piscina, com leituras pelo Paulo Barbeto, sob a direção de Diêgo Deleon. Venham todos! Tragam seu dinheiro para colocar no nosso chapéu! É livre! Estaremos eu, no violão, e Felipe Abou, na bateria de garoto.
Vejam:

terça-feira, maio 29, 2018


Eu me lembro, na época em que frequentava escola, ter me envolvido muito prazeirozamente com um trabalho escolar que relacionava a visão com força. Mais ou menos como cabelos, os olhos, a força nos cabelos de Sansão, os olhos, algo como força na peruca. Daí, quando o rei Édipo descobriu ter transado com a mãe, furou o próprio olho, como sinal de que perdera o controle para a força do destino, algo assim, se sentindo fraco.
O Rafael Saar, quando chamei pra dirigir meu primeiro show Poema Maldito, pintou meu olho, um olho só, como o olho furado do Édipo. Depois, isso ficou incorporado aos shows. Os Felipes que me acompanharam ou que me acompanham nas músicas, se solidarizam comigo nesse Édipo. Também, é uma singela homenagem à tradição do Secos & Molhados, em que Ney  Matogrosso foi vocalista. Olho furado não tem cura, como dizia mamãe.
A Teuda Bara, quando foi mamãe em uma cena rodada aqui em casa, me garantiu que eu não tinha-teria esse Édipo, esse tipo que perde um olho pra si mesmo, para o destino. Agora, por último, tenho pensado muito no sentido da força, que preciso ter, que não vou perder. Pra suportar a luz de todo dia, cega.
Fora isso, minha uveíte voltou a baixar minha visão do olho esquerdo. Não sinto dor. Marquei a médica para dia 15/junho.
      


segunda-feira, maio 28, 2018



Semana passada, costurei, na minha camisa de fazer shows, um coração, que tava pendurado numa árvore ao lado do Itau Cultural, na Avenida Paulista. O Felipe é quem viu e deu a ideia. Havia muitos corações pendurados na árvore, que era muito alta. E havia também corações caídos no chão da rua, mas estavam molhados, escuros, porque a água escurecia sua cor e, aí, pereciam morrer. Os vivos ainda estavam pendurados na árvore, mas ninguém conseguia pegar.
Ainda fiquei um tempo embaixo dela esperando que passasse alguém muito alto na avenida, que eu pudesse pedir o favor de pegar pra mim, mas não passou. Aí, fui falar com o pessoal da organização do show. A Regina decidiu me dar outra coisa, uma fita preta, que eu colocasse e coloquei, mas ficou pesadão, tirei. O Rodrigo, se desculpou, tava cheio de trabalho e não poderia ajudar. Então, o Carlos Gomes, que em tudo foi maravilhoso conosco, fez a maravilha. O Felipe tinha um alfinete e ainda tive tempo de usar no show.
O Marcio Martins fez uma foto.
O coração no ombro, à esquerda de quem vê:

quinta-feira, maio 24, 2018

Ontem, estivemos no lançamento do livro de poemas pós-coquetel “Tente entender o que tento dizer”, organizado pelo Ramon. Esse livro é um link com minhas apresentações de final de semana passado, com Vitor Wutzki e Felipe Aboud, na cidade de São Paulo. E, ontem, fui surpreendido pela leitura de minha letra “A Música do Sábado” que o Guilherme Zarvos fez, lá na frente. Depois, quando fui apresentado a ele, brinquei que ele tinha feito uma leitura ruim. E sempre corro o risco de acreditarem no que digo brincando, por causa de minha entonação também ruim. Escrevendo, o tom das coisas ditas, fica mais em aberto ainda, quer dizer, ruim. Tente entender...

segunda-feira, maio 21, 2018

Ir a São Paulo, como fomos, num final de semana frio demais e cheio de sol, a cidade do Pedro, é, de verdade, um sonho delirante.Eu não queria ver os shows da virada que havia em tudo que era direção. Queria ficar ali, ao redor de onde estávamos hospedados, porque eu já sabia que a Paulista, com os artistas de rua, iria deixar - e deixou - a gente no último. A explosão começou, quando veio passando uma parada, com a baliza marchando diante da banda da Associação de Apoio à Adoção. E quando o Pedro deu a ideia de entrarmos no MASP, aí, explodiu tudo, porque atravessamos para o mundo dos mártires santos de pernas fortes das esculturas do Aleijadinho e, depois, o que foi aquilo de cair nos anos 70 - mundo moça pobre e preta da Maria Auxiliadora?
Ele registrou tudo. E quando já vínhamos embora, fez o self da gente sonhando: ele, eu, Pedro Spagnol, Laís, Vitor e Gabriel Edé. Faltou o Felipe, que tava sonhando por fora.


quinta-feira, maio 17, 2018

Inferno - luís capucho

Amanhã, vamos em banda para São
Paulo, eu Pedro, Felipe e Vitor. E amanhã mesmo faremos um De Casa em Casa no
Gabriel Edé. Os amigos de SP que quiserem ver o show no Edé fala no in box pro
endereço. É no Perdizes.
No sábado, a gente participa da
Mostra Todos os Gêneros, que esse ano tem como tema a estigmatização do pessoal
que ta vivendo com o HIV. Vamos tocar após a mesa que falará sobre o direito de
se dizer ou não infectado. Atenção: as senhas serão distribuídas antes de
começar a mesa, às 15:30h.


Esperamos todos!

quarta-feira, maio 16, 2018


Eu já disse que aqui no meu quarteirão tem uma grande energia telúrica. Por isso tem uma castanheira muito frondosa em frente a nosso prédio. E por isso, a concentração de igrejas em frente a ele, do outro lado da rua. Quando mamãe era viva, nós íamos juntos a igreja batista aqui em frente. Agora, que ela se foi, tenho ido ao centro espírita. Às vezes, me dá uma grande vontade de chorar lá, e fico chorando.
É tudo muito moderno, o universo não é considerado como terra, céu e inferno. Mas todos os planetas fazem parte do universo e os espíritos, pelo que estou começando a entender, vão e vêm de outros planetas, somos todos seres interplanetários, têm muitos universos, muitas frequências, tudo cheio de muita cor, uma realidade surreal.
É bonito. Mas não vou lá sempre. Não sinto fluxo.


sexta-feira, maio 11, 2018

Mamãe, desde sempre, teve umas caixinhas de sapato que funcionavam como cofres. Era onde ela guardava as coisas que lhe eram preciosas: santinhos, moedas antigas, cartas dos parentes, breves, velas santas, meus cabelos cortados da primeira vez, fotos em binóculos, tudo.
Com as muitas mudanças de casa de patroa em casa de patroa que ela fez, muito pouca coisa ficou de seus guardados ou muito pouca coisa mesmo ela teve em suas caixinhas-cofre. Por exemplo, não me lembro de ela ter tido alguma vez uma foto dela mesma antes de eu nascer. Também nenhuma de sua família. Nada, nenhuma lembrança ficou de seus pais. Mamãe não tinha nada. Só as coisas que ela me contou.
Mas tenho uma foto linda dela, que se tornou a capa do meu Mamãe me adora. E, acho que se parece comigo.Também tenho um Santo Antônio pequeníssimo, feito de chumbo. E nele mamãe amarrou uma oração, num pedaço de papel. À medida que vou ficando mais velho, mais parecido com mamãe, vou me tornando. A ponto de ter começado a pensar que morrerei do mesmo modo como ela morreu, o corpo foi estragando, estragando, primeiro estragou um lado inteiro e depois, quando o outro lado estragou por completo, ela ainda teve tempo de pedir minha mão e, imediatamente, se foi. As mãos agarradas na minha, como a de um afogado. Nos primeiros meses, após sua partida, eu chorava muito, por que eu achava que devia ter segurado ela aqui, eu devia ter tido força pra não ter deixado ela se afogar dentro da morte. E eu chorava e me sentia culpado por não ter conseguido. Quando eu vi, eu segurava na sua mão, mas ela já tava afogada.
Depois de amanhã, será o dia das mães. E eu tive a mais foda de todas!
Yhahahhhahhahahahha! <3 font="">



quinta-feira, maio 10, 2018

Poema Maldito - luis capucho

Tenho umas fantasias que
começaram, quando eu era um adolescente, bem no início de ser adolescente,
assim, de doze, treze anos. E que tenho até hoje. Portanto, são características
minhas, fantasiosas e não. Uma, é a fantasia de que eu poderia decidir pelo nada,
escolher o nada e, por exemplo, eu poderia nunca mais sair de casa, nunca mais
sair do quarto, nunca mais ir na escola, tipo, morrer, ser nada, como penso até
hoje fazer, embora eu esteja sempre metido nos enredos e tudo. Outra, que
começou nessa época, foi o desejo de não mais falar e de me comunicar apenas
por escrito.
Eu tou dizendo isso, porque ser
nada e, ao mesmo tempo, me comunicar com as pessoas são coisas importantes pra
mim, embora essas sejam coisas adversas uma da outra. Porque o nada não tem
enredo, não tem estória pra contar.
Vejam, por exemplo, essa estória
que contei pro Tive e que ele me contou de volta. E que aqui, tou contando no
apezinho do Paulo Barbeto, pras meninos do Cabeça de Porco:



quarta-feira, maio 09, 2018


Não sei se eu comecei a aprender tocar o violão, que era pra eu me exibir. Eu tenho muita lembrança de detalhes relativos a isso, mas nada relacionado à exibição. Era mais um encantamento, como na história das sereias. Mas tem a possibilidade de mesmo sem ser claro pra mim, na época, muito no íntimo, que eu quisesse mesmo me exibir, porque, assim que fui impossibilitado de tocá-lo, por conta de minhas sequelas motoras deixadas pela neurotoxoplasmose, escrevi o Cinema Orly, que é um livro, assim, a exibição da exibição.
Eu adorei o que o Fabio falou, que os meus textos são importantes pra construção da história da resistência beesha, mas também, eu gosto de pensar como o Edil disse, a respeito de minhas cartas, mas que vale também pros livros:

“Já tive oportunidade de dizer, inclusive publicamente, que as cartas de Luis Capucho são um grande testemunho da voz de um poeta. E este testemunho é importante, dado o fato do Luís ter sido facilmente incorporado pelo movimento LGBT que vê seu texto como a própria encarnação da voz do sexo mais torpe e animal. Como dizem, “o nosso Jean Genet”. Mas as cartas do Luis provam o contrário. Apesar delas falarem sobre sexo – e falarem eventualmente sobre sexo – elas falam de trepadeiras que sobem pelos muros, de bolinhos de arroz, de poltronas, de toda essa miríade de objetos ordinários que nos circunda e que constitui o universo muito próprio onde ele realiza seu ato máximo de transcendência, nos mostrando que a vida é encantada justamente por ser composta desses objetos que ora lhe causam espanto, ora lhe causam terror, ora lhe causam uma profunda ternura. É por isso que Luis Capucho é poeta. E se é a voz de um sexo animal que lhe fala, é porque o corpo é mais um desses objetos ao qual ele presta atenção e no qual ele joga luz, nos fazendo perceber que, apesar dos seus movimentos serem descompensados e de sua consistência ser compacta, possui uma temperatura extremamente quente.
Portanto, as cartas de Luis Capucho nos advertem sobre a necessidade de fazer uma enorme correção: não é voz de um sexo animal que fala. É outra voz. E ainda que fosse a voz de um sexo animal que falasse, há de se lembrar que toda essa voz se encontra subordinada por uma força que lhe mostra o quanto a vida, a mais ordinária, com todos os seus objetos, como todas suas tragédias físicas e corporais, com toda sua decrepitude, é linda. Portanto, se a voz do sexo mais animal fala em Luis Capucho, há de se compreender que essa voz se encontra subsidiada por uma outra voz: a voz mesma do homem, do próprio representante da espécie humana. Por isso a sua obra não se reduz só a sexo: ela é humana, profundamente humana, sendo por isso mesmo um misto daquilo que de mais animal e de mais humano há em cada um de nós.
Eis a razão pela qual é tão difícil de se interpretar a sua poesia, a sua obra: é porque ela é metade animal, metade homem. É porque ela é escrita, afinal, por um legítimo centauro, diante do qual pasmamos.”



Continuando a estória da coluna e do sexo, de que a base da coluna, mais próxima de onde a gente tem o sexo biológico, o pau e os ovos, o umbigo – eu sempre me preocupo que eu seja um cara que não consegue ver outro panorama, que não seja o meu próprio – e o umbigo, o centro de onde parece ter tudo começado, o início, a base da coluna, o sexo.
Isso que eu tou dizendo, me deixa pensar no tótem, no sentido que ele faz dentro dos De Casa em Casa, uma coluna, um falo azul, um mastro de navio, o navio Poema Maldito em cascata, aos borbotões. Tem um deus pra isso.
Isso é um texto que continua. Mas eu paro aqui, sem que seja o fim.
Vejam, a foto do Pedro:


terça-feira, maio 08, 2018


Em 2015, a gente foi no Desfazendo Gênero, de Salvador, pra mostrar os livros e as músicas e a gente foi recebido bem demais. Eu nunca me esqueço do jeito afetuoso como a Professora Denise Carrascosa tratou os meus livros e meio perguntou se haveria um projeto neles, de serem parte, assim, como de uma mesma poesia – digamos assim – em que o Cinema Orly fosse a parte mais baixa, funda, infernal e a partir dele, os outros livros fossem ganhando esferas menos densas, menos escuras, menos pesadas e tudo. Também o Moisés, o Fabio, o Saulo.
Este ano, semana que vem, vamos para São Paulo, dessa vez para a Mostra Todos os Gêneros, mostrar as músicas após uma mesa de debate Visibilidade ou não: modos de ocupar o mundo, em que será considerado o direito de se dizer soropositivo/aidético e também do direito de silenciar-se a repeito disso. Estaremos eu, Pedro, Vitor e Felipe. Tocaremos às 18h. É free. Mas tem de pegar senha mais cedo.  
Os amigos de São Paulo não podem perder!      


domingo, maio 06, 2018

O facebook lembrou, ontem, ao Pedro, que se passou um ano da cerimônia de entrega, pela câmara de Niterói, da Medalha José Cândido de Carvalho a mim, por conta da contribuiçaõ de meus livros à identidade e direitos LGBTs. Os amigos foram me prestigiar, a gente vê na foto. E tratamos o acontecimento com a grandeza que teve pra mim. O Tulio, o Vitor, vieram tocar comigo e Kali e Bruno vieram cantar. A grandeza política da cerimônia, ficou por conta do que Leonardo Giordano falou, minutos antes da entrega.
Vejam:


sábado, maio 05, 2018

"Sábado" by Som Imaginário (Brasil, 1970)

O dia ta feliz hoje na contra-mão de tudo, em Niterói.
Um dia bonito, cheio de encanto, um dia lindíssimo!
Eu tava ouvindo ontem umas músicas do Edevaldo, no youtube, e vendo que eu acho algumas delas lindíssimas também e vendo também em como é diferente agora o jeito de se chegar nas músicas. Porque nos final dos anos 70, eu ouvia falar de muita banda de rock e elas ficaram na minha lembrança, como aquelas palavras que a gente nunca foi olhar no dicionário e tudo. Mas, hoje, você pode encontrar na internet aquilo de que você ouve falar. Porque os ambientes de música existem, à revelia de você, na internet, sem que você precise formar ele em sua casa, sem precisar que os seus amigos o criem e te convidem e tudo.
O Som Imaginário era uma dessas bandas de eu ouvia falar e que nunca tinha tido a oportunidade de me ambientar com ela. Ontem, fiquei ouvindo. Que coisa! E fiquei parado na música Sábado. Por conta de agora, de hoje, do dia lindíssimo em Niterói.
Mas a música é de 1970:

sexta-feira, maio 04, 2018


Eu já vi na internet que ter problemas, dor, na parte mais embaixo da coluna, quer dizer que estamos com problemas sexuais. Também me lembro de nessa época do ano, um amigo de juventude, há muitos anos, quando eu me senti, assim, meio louco, ele foi pronto: você precisa fazer um pouco de sexo. Caramba, naquela idade, o que eu mais fazia era sexo, clandestino, mas sexo, ne.
Também, isso faz muitos anos, num acampamento de comunidades alternativas, uma moça leu na minha íris ou leu na minha mão, que eu teria problemas sexuais. Eu não sei se tou com problemas sexuais, se sempre tive problemas sexuais, e a moça que leu minha íris e mão, não querendo me assustar, disse que eu teria. Mas acontece que todos os dias pela manhã, quando me levanto para o dejejum, tenho de prestar atenção numa meio que dor, meio que dormência, na parte de baixo da coluna. E vou tentando me equilibrar nela, achar um posição que nunca encontro. Então, sutilmente vou me deslocando de posição em posição, sempre.
Venho prestando atenção nisso já faz um tempo, talvez, já passe de ano, porque não sou muito bom de me situar no tempo. É tenso. E não fui a um especialista, porque o sistema público de saúde, como todos sabem, o que ainda existe dele é como aquelas cascas de cobra abandonadas na beira do mato e a cobra reluzente mesmo, viva, bonita, pasta em outro lugar. Então, quando estive no médico com uma tomografia da coluna, que eu tinha conseguido fazer, ele gargalhou, ao mesmo tempo que fingia simpatia, e me disse, que o posto ainda estava no século XIX e que não conseguiria olhar o exame sem ter um computador. Então, através do laudo me passou dez sessões de fisioterapia, que não consegui fazer pelo postinho. Estou esperando ser chamado até hoje.
Mamãe dizia que a gente não deve ser mal-agradecido e tudo. Mas eu não tou escrevendo isso aqui no Blog Azul, que é pra um silencioso leitor vir e dar uma ideia de ajuda. Eu não tou pedindo ajuda. Tem coisas urgentes rolando que precisam ser resolvidas, então, resolvam as suas urgências, as urgências das coisas que pedem resolução. Porque eu ainda me equilibro na base de minha coluna aqui, sentado diante do computer. Eu tou escrevendo porque eu gosto de escrever.
Amanhã tem mais.

quinta-feira, maio 03, 2018


Há épocas em que não consigo escrever aqui.
E outra coisa: fiquei gripado e, na medida do possível, tenho ficado em casa. A gripe fica melhorando e piorando a minha revelia e hoje, por exemplo, estou um pouco melhor.
Mais uma: quando fizemos o “De Casa em Casa” no Márcio e que o Edil pela primeira vez leu as cartas que lhe mandei há mais de vinte anos, eu tava achando tudo uma babagem, mas depois, que ele as leu em mais outros dois dos “De Casa...” eu comecei a perder essa primeira impressão e comecei a ver o quanto de verdade tinha em toda a fantasia que eu desenvolvia nelas. A ponto de a Vilma vir me dizer que eu era um cara de fronteira e que eu não enlouquecia porque eu escrevia cartas... he he he.
Sei lá!           
      Edil lendo no "De Casa em Casa" do Eduardo Verena:

quarta-feira, maio 02, 2018

Faz um tempo, dividi um show meu com o Bruno Cosentino, num lugar no centro do Rio que chamam Escritório. É um velho sobrado do Rio Antigo, que apertado no meio dos outros prédios velhos, é uma quitinete, na verdade. Já nos apresentamos lá umas duas ou três vezes e, para o que quero contar, acho que estavam comigo e as músicas o Vitor Wutzki, no baixo e o Tulio Freitas, na viola. O Escritório tava cheio. Dez pessoas e fica a impressão de lotação esgotada. É um lugar que as bandas se apresentam, acho que de quem faz rock and roll, então, o som é meio zoado, chiado, com um monte de interferência no embolo da quitinete, mas, fora isso, depois de ambientados no som, a gente se sente muito bem e tudo.
Eu achava que todos que estavam lá pra assistir à gente, eram amigos ou conhecidos do Bruno. Meus amigos, com exceção de alguns poucos, não vão me assistir. É aquela estória, santo de casa não faz milagre. Acho que um pouco da idéia de fazer esses De Casa em Casa é um pouco isso: então, amigo, já que você não vai às músicas, elas vão até você...rs... e foi assim que deus criou o mundo, cheio de amor, de ternura.
Mas o que eu quero dizer mesmo é que tinha um garoto rindo sozinho num sofá à nossa frente, enquanto nos escutva. Depois, a gente conversou e ele ficava dizendo que queria ler o meu livro de poemas. Eu repeti todas as vezes que eu eu não fiz poesia. E que os meus livros contavam estórias. Era o Ramon Nunes Mello. E ele me disse que, às vezes, ria sozinho mesmo. E não me importei com isso.
Depois, ele falou comigo se eu não teria uma poesia que falasse sobre o HIV. Eu disse que, não, diretamente, mas que minhas músicas e livros, falavam disso, dentro delas. E, agora, ele reuniu todas as poesias que recolheu, num mesmo livro: “Tente
entender o que tento dizer: poesia + hiv/aids”. E que vai ser lançado na Mostra Todos os Gêneros.
A minha é A Música do Sábado (Kali C Conchinha/luís capucho). E vamos tocar ela lá, na mesa:

“19/05/2018 SÁBADO - 16H
Visibilidade ou Não: Modos de Ocupar o Mundo + Performance Musical Poema Maldito
com Mirella Façanha, Neon Cunha, Rafael Bolacha [mesa] e Luís Capucho [pocket show] | mediação Marcio Caparica”
.
Eu, Vitor e Felipe Abou e Pedro.
Venham todos!
MAIO10
10 de maio – 20 de maioItaú Cultural (São Paulo)São Paulo
CarlosMarcio e 4 amigos
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