Hoje a gente vai apresentar as músicas na décima segunda
edição do Poetas de dois mundos, na Travessa de Botafogo. Serão os lançamentos dos
livros da editora Azougue:
ANNITA POR NÓS e QUE
PORRA É ESSA, POESIA?, do Alberto Pucheu.
. VOO, livro de estréia da Ana Paula
Simonaci, parceria entre as editoras Azougue e Circuito.
Aí, vai ter a leitura dos poemas e, depois, eu, Felipe Abou
e Lucas Parente, iremos mostrar as músicas. Para essa ocasião, ainda estou
usufruindo, para a cmisa de fazer shows, da fartura de coisinhas nas duas
formas de gelo de Dona Lidia!
Venham todos, é de grátis!
quarta-feira, junho 27, 2018
Ontem, tive uma surpresa muito grande. O Gabriel mandou uma
notificação sobre uma exposição na Unirio “Arquivos em Trânsito” e, aí, quando
fui olhar a descrição, tinha tudo a ver com umas coisas que Sheyla tem falado e
chamei ela pra ir ver. O Gabriel é um dos expositores, com um aquário chamado
Inscrições e onde estão seus livros. A exposição, com outras performance além
da do Gabriel, vai até quarta que vem - https://www.facebook.com/events/215265079303264/
Pedi pra Sheyla que me situasse no aquário dele e ela tirou
as fotos pra mim.
Vejam:
terça-feira, junho 26, 2018
Quando eu descia o morro de Santa
Teresa, ontem, eu não vi que tinha uma luz parada no céu, um pouco longe.
Então, vinha uma mulher subindo e quando iria passar por mim parou e disse:
- Vai ter tiroteio na comunidade
– e me mostrou a luz no céu – estão filmando. Da outra vez, foi a mesma coisa.
A luz apareceu e nos dias seguintes foi uma debandada de tiros pra tudo que é
lado.
Aí, continuei a descida
desconfiado de todos que subiam o morro e tal.
Depois, fui me habituando às
pessoas vindo na minha direção. A mulher tinha falado da possibilidade do
tiroteio na maior calma, apaziguada com a guerra.
Quando entrei no ônibus para
Nikity City, também já tava em paz com todo mundo sentado e todo mundo em pé.
Fora isso, muito contentes ( eu,
Felipe Abou e Lucas Parente) de mostrar um pouco das músicas aqui:
29 | junho | Sexta-feira | 18:00
Botafogo Rua Voluntários da Patria, 97 - Botafogo, Rio de Janeiro - RJ,
22270-000
Poetas de Dois Mundos #12
Autor: ALBERTO PUCHEU | EDUARDO GUERREIRO B. LOSSO | ANA PAULA SIMONACI
A décima segunda edição do Poetas de Dois Mundos reunirá lançamentos de Alberto
Pucheu, Eduardo Guerreiro B. Losso e Ana Paula Simonaci às 18h, e sua
tradicional leitura de poesia às 20h com Alberto Pucheu, Ana Paula Simonaci,
Annita Costa Malufe, Danielle Magalhães e Kátia Maciel. | Para esta edição,
teremos a presença de Luís Capucho que fechará a noite com um pocket show.
Então,
para mim, agora é soltar a cabeça puxada para a corcova no início do pescoço,
atrás. Se eu consigo isso, o peito estufa um pouco, os braços ficam mais
inteiros nos ombros, que também se soltam mais, e começo a respirar melhor.
Eu
sei que a serpente de minha coluna, por onde passam meus venenos e onde tenho o
meu centro, no umbigo, com ela me enlaçando por trás, deve contorcer-se e
vibrar e ter força, mas isso não deve prender minha cabeça. Minha cabeça deve
ser solta, livre.
Também,
essa serpente, caso se enrole e, caso, se desenrole, deve manter sua conexão
com o modo como tenho de me colocar de pé, no chão, e também com o modo como
tenho de caminhar e, aí, eu não sinta nenhuma dor ou cansaço, e consiga me locomover,
com minha cabeça equilibrada no alto, para onde e com que velocidade eu decida
ir.
Desse
jeito, conduzindo-se para a direção do nada infinito, o meu corpo deve se fazer
ausente, invisível, indolor e devo caminhar ou correr do ponto do ônibus à
piscina, como o revés de uma mula sem cabeça, como uma cabeça de Medusa, com
mil outras cabeças, muitas cabeças como cabelos cabeças, entrando, multiplicadamente,
e multiplicadamente e multiplicadamente para sempre para dentro dos cabelos
cabelos cabelos cabelos, como na canção Castelo,
que Kali C. musicou pra mim.
A Música do Sábado
(Kali C/luís capucho) do meu Cinema Íris, gerou depois Mais uma Canção do Sábado (luís capucho/Alexandre Magno) que tá no
Poema Maldito.
Quinta feira que passou, no Escritório, o celular do Pedro
picotou a imagem, e a partir disso, o audio dessincronizou-se dela, da imagem.
Também, quando comecei a tocá-la, vi que tinha entrado numa levada que era a
levada do clima que tinha se criado ali na hora, comigo, Lucas e Felipe. E
fiquei na dúvida se iria dar certo, porque a música nunca antes tinha me levado
assim.
Ontem, Rafael me deu os vídeos
que ele fez pra mim, colocou no meu canal do youtube. E, ontem, mesmo,
estivemos conversando rapidamente sobre a correspondência que pode haver, no
final, entre mim e a imagem que ele cria a partir de minha música, nos seus vídeos.
E, aí, no bojo disso, falamos a mesma coisa do perfil que vai sendo bolado,
embolado, no filme que ele ta fazendo pra mim e pra ele. E pra todo mundo que
quiser ver.
No meu canal também tem as
gravações que Pedro faz em seu celular e ele tem muita prática nisso, pois faz
os seus vídeos desde que nos conhecemos, há dez anos atrás.
O pessoal diz que com a internet,
ficou muito fácil de um artista se fazer ver, mas eu penso que deva haver muito
mais que isso. Porque a internet é o sedimento de um final de estratégia. É o
mar onde, depois de maceradas, as coisas bóiam aleatórias, se você não investe
pra se colocar nos sites que bombam. Daí, que tenho vídeos com menos de 100
visualizações e que estão há anos boiando lá no youtube.
Como dizem... enfim.
Eu adoro esse:
EStamos eu, Pedro, Rafael e Felipe Catro.
quarta-feira, junho 20, 2018
Também tenho me ligado que
preciso soltar minha cabeça de meu tronco, libertando-a para cima, enlaçada que
ela está ou que ficou, por uma contorção da serpente de minha coluna na altura das
omoplatas. Tenho imaginado que isso vá reorganizar o fluxo de energia que
circula dentro de meu sangue, no coração e na minha cabeça, além de libertar-se,
junto a ela, os meus braços, tensionados nos ombros.
Além disso, ontem, atrasado,
tentei correr do ponto do ônibus à piscina e minhas pernas não funcionam de
modo normal. Principalmente, a panturrilha direita dói demais e pareço não ter
comando dos movimentos para além de um trote lento e lerdo de pessoa velha.
É uma coisa louca, porque correr
será uma conquista de algo que eu perdi com as sequelas de meu coma. Então, tem
esse desafio pra mim. O de recuperar um lance que eu tinha. Só não contava com esse
entrave.
De qualquer modo, comecei.
terça-feira, junho 19, 2018
A dor que tenho tido no osso da
ilharga direita, atrás, e que eu suponho ter a ver com, por muitos anos, ter me
apoiado com mais força e jeito nos meus movimentos desse meu lado do corpo, à
falta de como agendar um especialista no assunto, tem me feito supor um monte.
Quando fizemos aquele alongamento
com a Kelly, que substituiu o Fábio por uma semana, me dei conta mais
fortemente, de que há um circuito no meu corpo de que eu posso me conscientizar
mais com os exercíos de contorcer-me na coluna, nos braços buscando cada vez
mais na frente, no alto, nos lados, atrás. E pensei que se conseguisse deixar
esse caminho de energia dentro de mim fluindo sem empecilho, que eu não teria a
dor na lombar, o formigamento, que às vezes, se estende pela perna, quando
estou sentado, e que, quando ando, cansa demais, doendo muito a barriga de
minha perna direita.
Também já pensei se todas essas
dores que ficam passeando de um lugar para outro de meu lado direito, não tenham
a ver com a recidiva da inflamação no olho esquerdo, tipo, tenha dado um
curto-circuito. E, aí, preciso de um tempo para rearranjar a drenagem desses
fluxos, impedidos na visão esquerda, e, assim, tudo voltar a fluir sem mais
remanso de dor em qualquer outra parte de mim mesmo.
Tudo o que eu tou querendo dizer,
no fim, quer dizer um monte de outras coisas que vão brotando aqui desse post
de Blog Azul. E também porque eu tou numa idade em que já estraguei muita coisa
de que na juventude ficava me gabando, mas que agora é a vez de prudência e
construção de força, que também são coisas ótimas!
Subindo a montanha de remédios já engordei quatro quilos. Eu fiz algumas apresentações, durante os tratamentos passados e, apareço no celular do Pedro, bem gordo. Fui ver o vídeo em que apareço no meu primeiro tratamento de uveíte, que foi em 2015. Minha Camisa de Fazer Shows está bem no início. Está apenas com o breve de Mamãe, a patente do Prince, que Ruth me deu, e uma conta de lágrimas costurada no ombro direito.
Ganhei de Dona Lidia, duas formas de gelo, com apetrechozinhos de fazer bijuterias. Para o próximo show, na quinta, farei uma sessão delas, em torno ao breve de mamãe. Vai ficar bonito.
Na quinta-feira, eu e o Lucas Parente, no baixo, apresentaremos algumas de minhas músicas no Escritório, às 22h. E o Bruno Cosentino irá cantar alguma comigo. Será também a apresentação do Paulinho Tó, vocês sabem. E, no dia seguinte, eles apresentarão seus discos no Audio Rebel. Vejam nos comentários, o formigão:
Ontem, estive para tocar as músicas na ocupação convocada
para a Cinelândia, mas o dia fechado, escuro de chuva, e a ausência de uma
estrutura minha, de apoio pro som – e é por isso que tenho apresentado as
músicas sem amplificação, nas salas dos amigos – fez com que não acontecesse
isso. Eu até queria tocar assim mesmo, sem amplificar e tudo, porque a
Cinelândia tem um vento, tem uma luz, tem um lance que reverbera pela praça que
é o mesmo de uma praia, quer dizer, acho que é a minha praia e, aí, eu até
disse pro Felipe Abou, que
poderíamos nos proteger na marquise diante do cadáver do Orly e mostrar as
músicas, com meu violão e voz amplificado numa caixa dessas sem fio que Pedro tem,
e a sua bateria-mirim.
Depois, pensando comigo, achei que entrar outra vez nessa egrégora, fonte no
cadáver, não fosse bom, sei lá, já é outra coisa onde estou, mas, ainda abri a
janela e olhei pro céu da Cinelândia, aqui do apezinho. Poderíamos ocupar a
marquize da igreja evangélica, na praça, embora ainda essa não seja a egrégora
onde estou.
Ao menos, estarímos dentro da praça e protegidos da chuva.
Só que tava ficando cada vez mais carregado, e não fomos.
Hoje, o dia melhor, talvez, consigamos.
Independente, assim, venham!
O Rodrigo Menezes foi quem fazia
as fotos dos atores na Cabeça de Porco, a peça do Prática de Montação. Quando
suas fotos começaram a aparecer pra mim aqui, na internet, descoladas da
Cabeça, sem membros e sem rabos que houvesse, só o tronco delas, belo e potente,
cheios do viço dos rapazes e moças em posição de fúria, seja a tristeza que
fosse, eu pensei, caramba, a peça dos meninos ainda tem esse halo, que coisa,
que maravilha, que o lodo reverbere assim.
E no último De Casa em Casa, com
leituras do Diário da Piscina, na Casa Sapucaia, ele tirou essa foto da Camisa
de Fazer Show. Eu pedi e ele me deu. É desse jeito que eu vou me blindando, na
cidade em guerra. Na Casa Sapucaia, quando entrava pelo portão, tinha um
pedacinho cintilante de plástico azul, no meio das pedras do chão. Vou achar um
lugar pra ele, nela, para mostrar músicas na Cinelândia, sábado.
quinta-feira, junho 14, 2018
Faz um tempo, acho que em 2016, quando eu apresentava as minhas músicas no Bar Semente, numa noite, em que me apresentei sozinho, voz e violão, porque era uma época de ocupações coletivas, em que o pessoal se juntava em torno de alguma causa pública e ocupava um lugar, fiz uma apresentação lá que eu chamei de Ocupa Capucho. Era um lance singelo, no Semente, vazio para os meus shows. E a impressão que eu tive da ocupação que fiz de mim mesmo, nem conta muito, porque o som de lá era muito bom e mesmo que eu pudesse pensar que não estivesse cheio, pleno de mim, assim, mandando super bem e, que eu não fosse um tipo fullgás, apenas pelo fato de eu estar no meu violão, isso era o que bastava, porque no que eu pensava, era na ocupação dessa posição, assim, um processo de ocupação amplificado pela técnica, fora de minha sala, se liga. E eu tou ligado nesses levantes que precisam haver para a tentativa, com técnica ou sem técnica, de organizar a vida de um outro jeito, em que a gente possa confiar mais em nós mesmos, nas outras pessoas, e ter uma cidade menos maluca do que o jeito como ela ficou. E sábado, agora, eu Felipe Aboue Lucas Parente, vamos participar do Ocupa Cinelândia, que é um lugar caro pra mim. E vou aproveitar pra dar o meu viva à irresistência do Cinema Orly, que cadáver, ainda respira no seu subsolo. Vejam a programação! Vamos todos! É amor!
No dia 21 de junho, o Paulinho Tó
fará o Escuta: um programa de entrevista com audição de seu disco, e isso vai
acontecer no Núcleo Canção da UFRJ. Depois, mas no mesmo dia, às 22 horas, vou estar
com Bruno Cosentino e Lucas Parente no Escritório, onde nos juntaremos ao
Paulinho para, cada um de nós, apresentar algumas de nossas músicas.
Tenho tido o privilégio de fazer
as transcrições de boa parte dos Escutas, inclusive, o meu próprio, que fui
quem estreou a ideia, com audição do meu Poema Maldito. E pra quem quiser ouvir
, ta aqui: https://www.youtube.com/watch?v=_mf1plY6_zg
Aprendo demais fazendo as
transcrições. Vou me situando, me colocando no meu lugar. Quer dizer, eu curto
demais transcrever os áudios.
quarta-feira, junho 13, 2018
Quando nascem, minhas melodias
são improvisos, que eu aprisiono nos acordes fixos do violão. Depois de um
tempo, deixam de ser os bebês de moleiras frágeis e ficam fortalecidas na forma
que eu dei. Isso vai se relacionando com muita coisa, porque a melodia fixa, de
moleira dura de bebê, ao ser executada, vai se insinuando nas brexas do tempo,
do dia, da minha pessoa, e fixa assim, parada, vai fazendo parte de um outro
improviso que não é mais o seu.
Daí que mesmo parada e presa, ela
se renova a cada execução. E, como eu disse, isso se relaciona a muitas coisas.
Uma coisa relacionada a isso, que eu me lembre agora, é a máscara que vai se
criando no rosto da gente, uma crosta na nossa cara e que vai nos dando a forma
de uma mulher ou de um homem ou de uma bicha ou de sapatão. Também a crosta que
se forma na cara das professoras e professores. E que os egípcios colocaram em
suas tumbas, muito parecidas com a Lygia Fagundes Telles, muito principalmente,
se ela fumasse um cigarrinho de palha.
Fora isso, aprendi a fazer
biomassa de banana verde, pra renovar meus intestinos, que os antibióticos
estão ferrando.
Tem esse audio do Livro Tibetano
dos Mortos, no youtube.
Tenho me sentido uma serpente
produtora de sonhos, eu sou um nascedouro deles, junto com os meus respiros e
de onde nascem não consigo situar ao certo, se vêm de meu baço, se do fígado,
rim.
O fato é que sinto, enquanto se
contorcem ao nascer, irem criando nós de tensão na serpente de minha coluna e,
aí, quando me sento nas cadeiras, nessa cadeira de vinil negra em que me sento
diante do computer, por exemplo, não estou bem. Logo começa uma dor de não
conseguir ficar na posição, sem ela.
Então, coloquei esse áudio do
Livro Tibetano dos Mortos e fui seguindo, concentrado em cada sonho de cada
bardo, fui vendo que consegui me sentar sem a dor, por um bom tempo. Isso
aconteceu comigo, de relaxar a coluna e não produzir os sonhos, da vez em que
fui tomar Ayuasca com o Rafael Saar.
Porque o que eu preciso é soltar
a minha coluna, libertar os meus sonhos, não tê-los para sempre nascendo,
brotando, entre minhas vértebras, vindos, não sei, se do baço, fígado, rim.
Também, quando fiz o alongamento
da Kelly, foram movimentos tão serpenteados, umas serpentes entrando pelas
outras, elas se soltando para a frente até onde não podiam mais, enrolando-se
umas dentro das outras, que eu pensei que os circuitos de meu corpo,
envelhecendo e estragando, estavam com aquelas voltas e estiramentos todos, se
refazendo. E que isso iria ser bom pro meu olho esquerdo de Édipo. E que aquele
dito de mamãe “olho furado não tem cura” não iria valer pra mim.
E tem mais coisas, que a repetição
do audio vai dizendo. Também encontrei um texto legível dele, na internet.
domingo, junho 10, 2018
Dia 21 de junho, às 22h, estaremos apresentando essas músicas que temos apresentado nas salas dos amigos, no Escritório. O Bruno Cosentino vai participar cantando música minha e vai ter show do Paulinho Tó, um belo compositor de São Paulo. Estaremos eu, Felipe Abou, na bateria e Lucas Parente, no baixo. Todos ensaiadíssimos! Tem vezes que fico amendrotado e erro um pouco sem ninguém saber. E tem vezes que vou por cima acertando tudo. Venham todos!
quinta-feira, junho 07, 2018
A médica disse que não pode
garantir que eu não vá perder a vista esquerda. Mas que eu conte com ela. Então,
isso é cheio de melancolia, porque é como se eu tivesse vivendo as últimas
vezes de meu olhar que vai acabando devagar, pra ser o pesadelo de uma visão
monocular. Tem também o que sempre acontece de o médico errar, ela mesmo disse
que “não poderia garantir, porque ela não era deus.”
Eu sempre fico prestando atenção
nos movimentos de meu entorno, se há sincronia de meu fluxo interno, do meu
sangue, do ritmo de minha respiração, das coisas que sinto e que me acontecem,
com os movimentos do dia, por exemplo, se a chuva que cai no meu vale, também não
é parte desse meu sentimento e se ela também não traz alivio pra mim, como
quando choro.
E aconteceu de outra vez os
cachorros de meu quarteirão começarem a uivar muito dolorosamente. Eu não quero
ficar prestando atenção nessas sincronias, nessas relações, porque desde
adolescente, desenvolvo esses traços paranóides, deixando que as coisas entrem
mais em mim e me confundam e me tomem o lugar, ao invés de eu fazer e pensar
livre.
Fora isso, estou diante da
montanha de remédios. Preciso atravessá-la, subir e descer. Terei terminado
todo o subir e descer, dia 18 de julho.
Chegou a hora dos uivos.
Começou.
quarta-feira, junho 06, 2018
Eu gostei demais e me sinto mais
completo com a primeira vez em que juntamos os livros com minha música,
tresantontem, na Casa Sapucaia. Na verdade, esse movimento, na prática mesmo,
começou, quando o Edil levou minhas cartas pra ler no De Casa em Casa no Marcio.
Depois, repetiu suas leituras no De Casa em Casa do Eduardo Nahum e do Bruno
Cosentino. Antes disso, sem que acontecesse ainda, nós já tínhamos começado a
pensar, eu, Paulo, Diêgo, Rafael, Vitor, Pedro e também o João de BH, nesse entreçace de minhas músicas com os
livros. Fizemos uns primeiros encontros, no ano passado, com leituras do Diário
da Piscina. Mas os acontecimentos todos que vieram se sucedendo para cada um de
nós, na verdade, tudo mesmo, foi esparsando a ideia e pudemos voltar com ela,
quando o Felipe Abou falou da Casa Sapucaia, onde havia uma piscina, e, aí, o
sentido se fez outra vez. Mas, aí, choveu pra caramba naquela noite, e fizemos
na sala, como têm sido mesmo os De Casa Em Casa.
E agradeço demais a esses
rapazes, amigos, cambada, pela alegria!
Eu adoro a Mais Uma Canção do Sábado, música do CD Poema
Maldito e que fiz sobre o poema do Alexandre Magno, que por sua vez, construiu
seu poema a partir d’A Música do Sábado(Kali C/luís capucho), que está no CD
Cinema Íris.
Aqui, estamos tocando, eu e Felipe Abou, na sua bateria de
rapazinho, dentro do projeto De Casa em Casa, ante-ontem, na Casa Sapucaia, em
Santa Teresa, no Rio de Janeiro. Pedro filmou.
A verdade é uma criança brincando:
Na madrugada, fiquei tentando me lembrar da palavra que
ficamos buscando, eu e Pedro, enquanto esperávamos o meu atendimento para o
exame fundo de olho, que tive de fazer, ontem. Passei um grande tempo, que na
madrugada, nunca se sabe quanto, apenas grande, e no fim, antes que o dia
clareasse, lembrei: ladainha.
E fiquei pensando, no ES, o quanto a minha infância tinha
sido religiosa, o Espírito Santo rural, na minha infância, é religioso demais,
e conheço o sentido religioso de ladainha desde pequeno. Pedro, que é da cidade
de São Paulo, conheceu primeiro o sentido da ladainha que faço aqui no Blog
Azul, todos os dias.
Ficamos buscando ladainha, porque preciso sagrar “As
Vizinhas de Trás – Santa Moema”, que voltarei a pintar, depois de um tempo
parado. E tinha parado, porque estava achando sem graça, feia, e santa precisa
ter graça. Minha ideia, depois de pronta, é sagrá-la, ou consagrá-la, com os
meninos e meninas da Cabeça de Porco, que a inventaram. Pensei que, se os meninas-os
aceitarem, a sagração dela, poderia ser a intervenção de cada um deles, nela.
Embaixo, a Moema, de Victor Meirelles:
segunda-feira, junho 04, 2018
Novamente, olhando para a montanha de remédios.
Olhando da montanha de remédios, consegui organizar tudo
para que, às 21 horas, seja o último horário deles, hoje.
A médica me explicou, olhando sério e firme pra dentro de
mim. E ficando do lado de fora, me disse que é nóis, que tamo junto! Eu sei
como é isso, eu sempre entendi sobre isso, que no final das contas, sou eu
olhando para a montanha, olhando da montanha.
Às 21 horas, terei uma trégua. Amanhã, recomeço a subida: o
estômago, os rins, o fígado, os intestinos. Os exercícios físicos para amenizar
o bombardeio. Melhor conquistar força, do que ser forte apenas. O estômago, o
fígado, os rins, o fígado, como vacas assassinadas para que eu jante. Tenho
essa montanha: um bando de gente, eu, rapazes e moças, produzindo, cheios de
fissura, textos que não se completam.
Comecei a anotar as datas nos
cabeçalhos de meu cadernos, em março de 1969, quando entrei para a escola
primária. Hoje, estou em 2018 e são 1º de junho. Faz 49 anos que anoto essas
datas, dia a dia, com interrupções entre alguns deles, mas a continuidade de
minhas anotações, são espaços maiores que o espaço de ausência delas.
Consegui agendar uma consulta no
oftalmologista para o dia 15, e não tenho ideia de que, se espero tantos dias
para medicar minha uveíte no olho esquerdo, eu vá comprometer, para sempre mais,
a diminuição dessa minha vista ou, sei lá, se ficarei cego dela.
Há muitas situações diante das
quais a gente fica se sentindo impotente. Ontem, eu estava com a ideia de que não
há realmente nada que a gente possa fazer. Estava com a ideia de que as coisas
são o que elas são e pronto. E estava com a ideia de que não há nada mais
revolucionário que deixar as coisas como elas estão. Que aí, elas vão se
enovelando no fluxo do movimento da vida, dos dias e das noites e, por elas
mesmas, vão se arranjando umas com as outras, sendo o que são e o que têm de
ser.