quinta-feira, dezembro 28, 2017

Depois de a Fernanda ter avisado que Diário da Piscina estava na lista dos melhores de 2017 para a revista de livros, a 451, e que o Tive Martínez teve ele na sua lista pessoal dos melhores de 2017, o Diário da Piscina entrou em mais uma lista dos melhores lidos neste ano.
Sentindo-se muito orgulhoso: Com Rocha Júlia João Santos Rafael Saar Paulo Barbeto Pedro Paz Diêgo Deleon
Em um ano há tempo para ler muita coisa, não é mesmo? Pelo menos para aqueles que fazem da leitura um hábito constante, é difícil passar muitos meses sem livros. …
NOTATERAPIA.COM.BR

terça-feira, dezembro 26, 2017

Faz um tempinho que Bob morreu. E outro dia conversando com minha Vizinha de Baixo, ela me contou de outros cachorros que morreram na mesma época em que ele, inclusive o Bethoven, da Vizinha do Lado. Foram quatro ou cinco cães, ao mesmo tempo. E ela contou isso, como um modo de conformar-se à partida de Bob. Como se as mortes dos cães aqui na Martins Torres, delimitassem o final de uma era. E que isso fizesse parte das nossas modificações, que vamos nos tornando cada vez mais outras pessoas e tal.
Eu também acredito assim, no final das eras, como se existissem vários tempos e vários mundos e vários eus, com cães e sem eles. Eu estou escrevendo isto aqui, mas querendo dizer outra coisa, estou cavando, cavucando aqui com as palavras, quem sabe eu chegasse nos lugares que o Manuel Gomes chegava, onde por exemplo, ele nos levou com a letra da La Nave Vá e onde o Felipe fez uma coisa linda, segundo ele, depois de ouvir Velvet Underground.
A gente decidiu colocar essa música do Manuel pra abrir o disco. E, depois, viu que ela, junto da foto da capa, decide um modo de ouvir as dez músicas seguintes, num esqueleto possível do Poema Maldito. São muitas as vezes em que eu estou na janela do apezinho, sentindo como é preciso ter força e coragem pra tudo isso:

quinta-feira, dezembro 21, 2017

vida nua



A Vida Nua é uma música que fiz já há muitos anos. Eu ainda
me lembro de ela surgir, embaixo de uma árvore, no quintal de uma casinha em
Mury, onde eu tinha ido passar o final de semana com meu amigo Ciro.
Foi o Ciro quem me mostrou o filme de que fala a música – e
que me faz lembrar que a Angela, quando divulgou o lançamento do Diário da
Piscina, em BH, tinha falado, assim, por alto, de eu ter sido uma espécie de
pioneiro do que aquele meninos do Disco Punisher (https://discopunisher.wordpress.com/2017/08/20/o-publico-nao-e-mais-pego-de-surpresa-pela-mpbicha-luis-capucho/)
disseram, a MPBicha.
A vida Nua foi incluída na trilha do filme Lampião das
Esquinas, sobre um jornal pioneiro no Brasil das questões LGBTs. E eu não me
dava conta dessa onda que vinha se formando, de todas as ondas que estavam
vindo e que se formavam, pra dar nesse mar revolto de agora.
No início do ano, vamos tocar nalguns lugares - tou
aproveitando que o Vitor vai estar aqui no Rio e pedi a ele que apresentasse as
músicas comigo. Mas não tocaremos a Vida Nua, que não sei mais... he he he.
Vejam:



quarta-feira, dezembro 20, 2017

Começou o tempo de dormir na sala, porque meu quarto dá direto para o sol da tarde. Então, deixo a porta da área aberta e pela janela da sala corre uma brisa atravessando o apezinho e, por enquanto, nem preciso de ventilador. De madrugada, uso um lençol. Desde pequeno, durmo com um shorte e sem camisa. Tinha vergonha que mamãe me visse pelado. Mas, agora, tenho dormido nu.
Isso é uma coisa que desde pequeno é especial pra mim. Ficar pelado me excita e tou me desfazendo disso. Tem uns caras que quando ficam pelados, o pau ainda é grande. Li uma vez, numa revista de internet, sobre isso. Dizia que todos os paus são grandes, quando excitados, mas que alguns são maiores, quando murchos.

Não acreditei.

segunda-feira, dezembro 18, 2017

Neste final de semana, Pedro ajudou a atualizar o site.
Colocamos a medalha nas páginas dos livros, o prêmio do Cinema Orly e as matérias que faltavam colocar, sobre as apresentações de músicas nos lançamentos do Diário da Piscina. 
Também colocamos a surpreendente notícia de o Diário da Piscina estar entre os melhores lançamentos da literatura brasileira de 2017, na 451, revista especializada em livros.
Depois, ainda queremos colocar a medalha e o prêmio nas respectivas páginas do facebook.

sexta-feira, dezembro 15, 2017

quinta-feira, dezembro 14, 2017

Literatura Brasileira

Tem acontecido uma coisa louca de uns tempos pra cá. Na verdade tudo tem me parecido muito louco e eu fico tentando achar um jeito mínimo de entender o que tem sido uma loucura pra mim, pra apaziguar um pouco o meu coração. Por exemplo, eu nunca achava, antigamente, fizesse o que eu fizesse, que eu iria perder meu tempo. Eu achava as conversas jogadas fora, uma coisa meio sem importância pra mim e não participava delas, mas não achava que participar delas fosse jogar tempo fora, no lixo, porque era algo que podia ser curtido por quem participasse e tudo.
E, ontem, à noite, fui dormir pensando na notícia que a Fernanda me deu, de que o nosso Diário da Piscina estava na lista dos melhores de 2017 da Literatura Brasileira, na revista feita para livros, a 451. Mas como assim, como é que foi parar lá, fiquei pensando. E satisfeito demais, porque tudo o que um livro precisa é de divulgação, é de circulação no meio das pessoas, e o Diário tem uma mínima distribuição na cidade de SP, feita pela É selo de língua, e aqui no Rio e em outras capitais, nenhuma. A gente fez poucos. Eu queria fazer 1000, mas a júlia, mais atenta, disse que fizéssemos menos.
Era só pra dizer que a alegria é uma coisa fácil de entender.

Vejam:

sábado, dezembro 09, 2017

Mari Romano e Pedro Pastoriz - "Um Ar" - Circo Voador

Como o silencioso leitor
sabe, eu já disse, tenho feito algumas das transcrições do programa Escuta, do
núcleo canção da Letras da UFRJ. Agora to transcrevendo o Escuta da Mari
Romano, do seu disco Romance Modelo. E dentre as explicações muito interessantes
que ela deu, para as perguntas muito interessantes que Rafael Julião fez,
fiquei parado nesse trecho que transcrevo aqui, sobre a faixa Um Ar.

“Rafel Julião:
         Ne, e, é, isso é uma viagem minha, mas eu acabo entrando
nessas viagens. O quanto essa palavra errata tem a ver com a coisa da... você
desde que começou a entrevista você falou algumas vezes de transformação. E me
parece que a relação da errata com a canção, é a possibilidade da música de
transformar vivências ou de... não sei. São... eu queria que você comentasse
essa relação de música com errata.

Mari Romano:
Tá.

Rafel Julião:
Que
eu gosto, acho tão bonita... errata.

Mari Romano:
         Legal. (riso)
Eu
gosto dessa palavra também.
Mas,
é... de qualquer maneira essa música foi uma viagem, tipo, viagem de doidão
mesmo, que eu fiquei pensando, gente, isso aqui que ta saindo é um ar, que tava
aqui dentro e que saiu. E ele se transformou, mas, tipo, assim, a gente fica
pensando no que dizer e tentando controlar, mas na verdade, nada foi dito até
você de fato falar ou de fato fazer. Então, tipo, tudo é editável até o último
segundo. Por isso que eu falo que, tudo que eu digo parece ser de última hora e
que esse ar passa... escala um tubo e passa pela casinha e vira tudo música,
sinais, palavras e tal.
É meio
tirando um pouco a opressão daquela coisa da linguagem. Dizendo, ó, ce tem aí.
É tipo, na verdade, também é só um sopro, é efêmero, ta no tempo, enfim. É
meio, foi mais uma viagem...”
E
achei esse vídeo dela cantando a Um Ar com o charmoso Pedro Pastoriz:
        



quinta-feira, dezembro 07, 2017

É um mundo escuro esse em que se entra pra escrever. A gente vai clareando o caminho à medida que as frases vêm aparecendo, mas o resto tá no escuro, que é justo onde a gente vai e quer entrar. Daí, que eu mantenho o blog por quinze anos sem ter o que dizer, apenas por que gosto de ficar nesse lugar limite entre a escuridão e a claridade, nessa estação, onde uma vem e a outra vai e onde o que eu sinto se filtra um pouco e, aí, me sinto um pouco melhor, aqui, no apezinho, meio de eremita se socializando um pouco.
Agora, apenas mais um parágrafo para a clareira se alargar:
Mês que vem será 2018 e oficialmente me deram como alfabetizado em 1969. Não consigo ter a lembrança toda, mas a impressão é a de que no fim de 69, fui chamado ao gabinete para um teste: ler o ato de contrição, assinar meu nome? Não sei, a memória comeu essa parte. Não sei mesmo se foi nessa parte da estória, quando fui chamado ao gabinete. Estou num limite em que as frases vêm mais escuras do que luminosas, em que elas estão na sombra, quase não se vê o que elas dizem. Uma clareira na sombra escura, dentro do breu enorme.


quarta-feira, dezembro 06, 2017

luís capucho - ensaio com Vitor Wutzki - A Expressão da Boca.

No final de janeiro o Vitor vai vir com Flora e, aí, tou
vendo lugar em que a gente possa apresentar as músicas. Já reservei uma data
pra gente apresentá-las aqui no apezinho e passar o chapéu, no fim. Aí, cada um
traz a sua droga – refrigerante, cerveja, cachaça - e a gente prepara uns
acepipes. Desde já, estão todos convidados. Também já reservamos uma data em
Nova Friburgo, na casa de meu velho amigo Ciro, para isso. E estamos procurando
lugares domésticos ou não, para a oportunidade. Os amigos que virem esse post e
tiverem ideia, é só falar com a gente. E vamos para 2018!


terça-feira, dezembro 05, 2017

A gente, de novo, passou o domingo atualizando o site. Ficaram coisas ainda por fazer, mas ele ta ficando mais completo. Dessa vez, a gente ficou colocando a Medalha José Cândido de Carvalho nas páginas dos livros, porque foram eles que a mereceram.
O resultado disso ficou muito simples e bonito, mas até chegar nele foram horas de tentativas e erros.
Vejam:


sexta-feira, dezembro 01, 2017

Quando a gente vai em SP e anda na rua é que a gente vê que a viagem que uma pessoa pode fazer, vai pra qualquer lugar, que não tem uma direção certa, porque tem pra todo lado e gosto. Eu, às vezes, fico aqui no apezinho me sentindo um cara bem deslocado, sem direção e tudo e, aí, quando saio na rua e olho na fisionomia das pessoas passando, eu fico vendo que é todo mundo como eu, que neguinho vai perdido, vai ensimesmado, vai devaneando no mistério, vai cavucando a sua própria estória e parece que tudo sempre foi mesmo indizível.
Em qualquer lugar e tempo, tudo é indizível, porque eu me lembro de mamãe, numa estrada na roça, parar pra conversar com quem vinha da direção contrária e, aí, a respota do comprimento inicial, da pergunta de como a pessoa ía passando, era a lógica, da lógica, da lógica. Ao invés de a gente ouvir uma explicação, a gente ouvia um “eu vou indo’ e, aí, parava para um pouco de conversa fora e ía embora.
Também, depois que mamãe morreu e que fiquei sem ver televisão, isso que se repara nas ruas de SP, de as direções serem livres, ficou livre pra mim também, acho que fiquei mais sem direção, não tem nem mais novela. Sinto que fiquei por minha conta e tenho a ilusão de que se fosse em SP, que eu teria achado minha turma e perdido a liberdade que ficou.
Fora isso, a Julia e o Gustavo fizeram a versão de Hecatombe, da Patti Smith e a “É selo de língua – editora É” publicou.

quinta-feira, novembro 30, 2017

Só pra me gabar: depois da peça Cabeça de Porco, depois da medalha José Cândido de Carvalho, depois do Diário da Piscina, depois dos shows com Vítor e Tulio, depois de nossa última praia em Itaipu, Depois de SP, BH e Vitória, o Sandro Aragão fechou 2017 com chave de ouro. Ele fez um projeto de mestrado para falar do valor literário de meu trabalho de escritor e ofereceu pras universidades. Até agora só saiu o resultado da UFF. E como ele mora por aqui, aceitou.

Caralho! Ele vai desmascarar total a minha literatura, deixar a minha bichana no osso. E, aí, achar a ginga dela. Eu quero ver!

terça-feira, novembro 28, 2017

Quando eu era pequeno e ia na biblioteca do polivalente, em Cachoeiro, pegar livro, eu os pegava pelo título. E por isso, tinha vezes em que me dava mal, porque pegava livros secos. Foi assim, quando achei que iria ter muita fantasia no Menino de Engenho, do José Lins do Rego.  De verdade, tinha fantasia, mas era seco, diferente dos outros livros do Monteiro Lobato, que eu tava acostumado.
Se naquela época, eu tivesse me deparado na biblioteca da escola com O Coronel e o Lobisomem, do José Cândido de Carvalho, eu teria levado pra casa pra ler e teria me dado mal. Porque quando minha obra literária ganhou a Medalha José Cândido de Carvalho, ganhei também O Coronel e o Lobisomem, do Pedro.
E, aí, não é um livro seco, os parágrafos têm uma melodia de pura fantasia, mas sou capaz de ler um deles inteiro sem entender absolutamente nada do dialeto de um coronel. Isso me lembrou uma vez em que o Baiano – que produziu maravilhoso os meus disco Lua Singela e Cinema Íris - disse muito sem importância, no meio de um assunto, que a gente pegava dos livros só o que a gente conseguia entender, e que muita coisa era apenas para passar os olhos, não para pegar.
E nunca me esqueci.


segunda-feira, novembro 27, 2017

Moda praia 2018


Níver do Pedro ontem e fomos a Itaipu. Vieram dua senhorinhas barrigudas e se colocaram nas suas cadeiras bem perto da gente. Uma delas antes de se sentar foi falando:
- A gente que é pobre... – e, aí foi desenvolvendo um assunto sobre um problema jurídico e, aí, a gente na nossa praia, não se ligou mais.
Mas, então, numa vaga do mar, entre uma onda e outra, quando fez um silêncio, ouvi de novo a segunda senhora falando, a de biquini preto:
- Veja como ficou bom. Coloquei a parte de trás do biquini para frente, ó.

- Não te falei? Fica ótimo, sim – a outra senhora disse.

sexta-feira, novembro 24, 2017



Duas felicidades
(luis capucho)

Ontem, comprei escova de dentes nova para mim
estou muito feliz com isso
É a coisa mais querida nas últimas semanas
Desde pequeno brinquedos coloridos de plástico, me deixam feliz
É assim como as canecas verdes que ganhei
E que pareciam louça
Elas pareciam louça
Mas quando eu pegava, era plástico
Ainda estou mais feliz, porque comprei duas
E a segunda delas reservada na gaveta do armário
Garante minha felicidade por um tempo maior
que o tempo de felicidade da primeira escova
Ah, eu tenho duas felicidades, uma que eu uso
E a outra no armário
Quando a felicidade da escova verde acabar
Vem a vermelha
A felicidade da escova vermelha
A felicidade da escova vermelha
A felicidade da escova vermelha.

sábado, novembro 18, 2017

Aproveitando o ensejo do final de ano, fiz uma foto com todos os meus discos e livros pra atualizar o site. Eu nem tinha reparado que na seção “contato” tem uma foto minha com o Cinema Orly, que é um livro que desejam sempre. De repente, se eu coloco uma foto com todos, irão se interessar por outros. E, aí, eu tou mostrando aqui, porque caso algum amigo queira dar de presente a si ou a outro amigo, eu poderia combinar de mandar pelo correio. É só falar comigo.
Vejam:

sexta-feira, novembro 17, 2017

Eu gosto demais do verão, porque pra mim, o verão não dói e o inverno, sim. E não era assim com mamãe, porque ela ficava claustrofóbica no calor e queria fugir de qualquer jeito, se afobava e, aí, eu tinha que ficar abanando ela. Quando as ondas do calor vinham na madrugada, a gente tinha de sair de casa e ficava andando na rua, aqui, no vale. Os cachorros latindo nos portões e minha mãe louca de calor, acho que doía, sei lá. Mamãe nunca soube explicar.

quarta-feira, novembro 15, 2017

Camilo Frade | Por Que Nós? (Álbum Completo 2013) [Full Album]

Ontem, depois que viemos do dossiê
de música contemporânea do letras da UFRJ, ficamos aqui no apezinho ouvindo as
músicas do Camilo Frade na sua voz e violão. Ele ía me explicando sobre São
Luiz do Paraitinga, a sua cidade, e de como aquelas músicas que ele mostrava
tinham a ver com a cidade e com a sua família.
Eu tava achando tudo muito
tradicional as músicas que ele me tocava, por conta de pensar no astral todo de
São Luis do Paraitinga, mas nas coisas que ele me dizia, no contexto todo em
que estávamos aqui, embaixo de As Vizinhas de Trás, no vale da Martins Torres,
e acabados de sair das discussões sobre canção, aqui, sobre a esteira do
apezinho, eu disse:
- Ta muito underground você
tocando aqui pra mim, eu tou adorando mesmo!
- Que bom que eu tou conseguindo
ser underground! – o Camilo disse.


Vejam:

segunda-feira, novembro 13, 2017

Um Cinema Orly para Itanhanhém, no estado de São Paulo.
Eu fico muito contente que o meu livro de estréia seja do interesse, ainda hoje, pra os que gostam de literatura e que ele converse muito afirmativamente com essa cambada cafona que quer jogar as coisas sem razão pra fora do barco.
Fora isso, quero dizer que o Natal ta aí e tenho uns últimos comigo, além de ter alguns Lua Singela, Mamãe me adora e Diário da Piscina e Poema Maldito. Pra quem quiser dar de presente.
Não tenho Rato nem Cinema Íris.
O mundo é dos comerciantes, falem comigo, plis.
Também tenho As Vizinhas de Trás encalhadas, se quiserem.

domingo, novembro 12, 2017

Tenho feito algumas das transcrições do programa Escuta, que são audições de discos produzidos agora e com a presença dos autores, respondendo às perguntas maliciosas do Rafael Julião. E, aí, que deu pra sentir nos Escuta, que os artistas de um modo geral ficam felizes de estar na Universidade, no prédio da Letras, ouvindo e falando dos seus discos e tudo. Porque a Universidade ta interessada numa produção que parece não ser do interesse do público e tal.
E, aí, na terça-feira, pra comemorar essa iniciativa dos Escuta, será um dia inteiro de falação e também de escuta dessa música que tem sido pouco escoada, mas que vai aumentar seu volume no que os meni@s tão chamando de dossiê da canção brasileira contemporânea. Pela programação a gente vê que vai ser muito lindo e logo de manhã vai ter o Yorimatã, sobre as pioneiras da música autoral-independente, Lulhi e Lucina, com uma conversa com o Rafael Saar.
E no dia seguinte, a gente vai se reunir no Escritório pra ouvir, tocar e cantar.
É de grátis, sem incrição, é só chegar.
Vamos todos:

sábado, novembro 11, 2017

Elis Regina - As curvas da estrada de Santos

Porque as curvas se acabam, se acabam, se acabam, na estrada
de Santos, eu não vou mais passar. Também gostei demais dessa bateria que é um
solo, sem sair e sem estar sozinha na música.
Então, é isso, sem as curvas não dá.
Ou como têm dito, agora, na minha idade: gratidão.

sexta-feira, novembro 10, 2017

Eu tou muito contente de ter me aproximado dess@s menin@s que tão fazendo música agora no Rio de Janeiro, assim, uma música específica, e que também se liga a quem tem feito esse tipo de música em SP, em BH e no Ceará e em Alagoas ou em qualquer cidade outra em que se faça música de ouvir, diferente de ouvir Marília Mendonça, Caetano Veloso ou, sei lá, o Roberto.
Vai ser no feriado de 15 de novembro, no centro do rio, no Escritório, que é um quitinete de música, com uma foto da Laerte na porta do banheiro. Das outras vezes em que toquei lá, tinha um chiado incomodando no início, mas depois da primeira música todo mundo assimila.
Venham todos!

quinta-feira, novembro 09, 2017

Nós sabíamos como queríamos a foto, embora não  tivémos em mente o seu formato, porque tudo iria depender do que encontrássemos na praia. A ideia foi porque descobrimos no Escuta - https://www.youtube.com/watch?v=_mf1plY6_zg – que o CD Poema Maldito, misteriosamente, fazia relação com o cortejo fúnebre do luxuoso navio Gloria N. que aparece filmado no doc-ficção La Nave Va, do Federico Fellini.
Sozinho, comigo mesmo, e olhando a foto, eu vejo que ela é ponto de partida para outras viagens. E mesmo que viagens apenas minhas, elas passam também por terrenos que não são meus, por exemplo, nas letras daquelas músicas que não foram feitas por mim, na forma bonita como o Felipe saiu costurando todas as músicas, na foto da capa do CD, tudo, enfim, um disco não é feito apenas por um.
E, ontem, eu pedi ao Pedro que trabalhasse ela e a colocamos no site, sobre um texto lindo, eu acho, que transcrevi de um programa de música marginal que o poeta Eucanaã Ferraz fez e que falou na parte em que tocou a Poema Maldito (luis capucho/Tive Martinez).



quarta-feira, novembro 08, 2017

Ouvi o Diêgo dizer que a peça Cabeça de Porco é sobre desencontros, sobre frustrações, sobre desejos que não se atende, ele disse que a peça é uma camada de várias e várias e várias portas fechadas.
E eu fiquei parado nisso.
O Pedro, depois que o Fabrício me fez umas perguntas na Biblioteca do Sesc Gloria, me chamou a atenção para o fato de que todas as perguntas que o Fabrício me fez, eu respondi, sim, a todas.
Mas nada do que eu disse foi resposta para as perguntas que me foram feitas por ele.
Acho que tem a ver com as camadas de portas fechadas.
E, aí, daquela vez, não quis ficar parado.
Fiquei dando voltas e voltas e voltas, mas sem fugir à porta, sem fugir às perguntas.
Eu quero ter acesso à porta, mas se não ta aberta, não vou ficar parado ali, esperando a morte. Tem de abrir outros espaços, tem lugar pra todo mundo. O mundo é grande. Porque, tanto eu quanto Fabrício, falamos um com o outro e a porta não estava fechada por nós.
Ta tudo muito vago esse papo.


terça-feira, novembro 07, 2017

Teatro no Campus- Cabeça de porco

Vejam o que encontrei e que me faz sentir abraçado demais por esses meninos e meninas que viram identidade nos meus livros e músicas, e puderam se colocar dentro deles, nessa peça que me faz pensar tanta coisa e que me faz chorar:

segunda-feira, novembro 06, 2017

Ontem a gente ficou vendo filmes, à tarde. E eu sempre nunca entendo os filmes, isso é uma coisa clara pra mim. E também que não é um problema, porque é assim mesmo. É por isso que se pode ver um filme muitas outras vezes, e entender ele de novo muitas outras vezes, ir entendendo mais uma coisa, mais uma vez.
Porque também, uma coisa que a gente vê, faz uma volta com a gente, dentro, e quando chegamos no filme de volta, ele já está em outro lugar. Então, a gente não entendeu o filme, mas continua ligado, porque com a gente mesmo está tudo certo, tem uma linha, se liga.

Daí, que o filme que vimos ontem que mais tinha mistério e que mais fez linha comigo foi O Abraço da Serpente. É a história de uma planta sagrada da Amazônia de interesse de cientistas brancos. Eu achava que fosse sentir sono, mas aí o filme foi me levando, me levando... e assim fizemos com mais outros filmes. Também teve os filmes que desistimos de ficar olhando, porque deram voltas que não eram nossas e a gente desistiu.

sexta-feira, novembro 03, 2017

Dia 14, agora, vai ser um dia de encontro na UFRJ em torno da música feita pelos artistas que têm produzido fora do circuito industrial da canção e, aí, todo mundo está convidado, vai ser o dia inteiro. E fiquei feliz de saber que o filme Yorimatã, do Rafael Saar, será ilustração de tudo.
Além do Rafael, que ta fazendo um filme comigo, também tou dentro do Núcleo Canção, que faz uma vez ao mês o programa Escuta -https://www.youtube.com/watch?v=_mf1plY6_zg – e que inaugurei com Rafael Julião e Isabela Bosi. Também tou dentro, porque pedi para fazer a transcrição dos programas, porque eu vi que curto fazer isso.
Eu e Pedro vamos.
Vejam a programação aqui:


quarta-feira, novembro 01, 2017

Deve fazer um ano, talvez, que tenho jogado os meus vidros de remédios vazios - o biovir, o atazanavir, o ritonavir - no chão da sala, num canto, ao lado da mesa. Comecei a colecioná-los ali e, essa noite, meio entre sonhar e pensar, na madrugada, estive supondo que, se minha casa é uma representação da caixa de meu cérebro, e vice-versa, qual seria o efeito de eu jogar todos esses vidros fora, no lixo, e não deixá-los mais ali, pra que eu os veja empilhados, crescendo o monte. E, aí, se minha casa fosse uma lagoa, um rio, se meu cérebro fosse uma floresta, um deserto, então, esse monte crescendo de vidros de atazanavir, biovir e ritonavir, seria esconderijo de bichos e peixes.
No bojo de pensar assim, me veio também a lembrança de que uma amiga de mamãe, disse uma vez, que não fazia determinadas coisas para que não dissessem que era louca. Com a força dos meus 20 anos, lhe disse para que fizesse as coisas e lhe diria, outra vez, na força dos 50.

É isso.

terça-feira, outubro 31, 2017

Ontem, comprei escova de dentes nova para mim e estou muito feliz com isso. Acho que é a coisa mais feliz que me aconteceu, na última semana. Desde pequeno, que objetos de plástico coloridos, me deixam feliz.
Era assim com as canecas verdes que ganhei e que pareciam louça, antes de pegar. Mas quando eu pegava, era plástico.
Ainda estou mais feliz, porque comprei duas.
Então, a segunda delas, a reserva, ali, guardada na gaveta, garante minha felicidade por um tempo maior que apenas o tempo de felicidade da primeira escova. E tenho duas felicidades, uma em uso e uma reservada para quando essa escova verde acabar.

Aí, terei a felicidade da escova vermelha.

segunda-feira, outubro 30, 2017

Chegou pra mim o livro Virginia Berlim (uma experiência), do Luiz Biajoni. É uma edição que comemora os dez anos do romance. E o Biajoni colocou umas músicas que acompanham a trama, o enredo, o clima da novela. Fiquei muito feliz de fazer uma delas. Tinha a ideia de encorpá-la de outros instrumentos, mas, aí, o Biajoni preferiu a música em carne crua, sem nada, só no meu violão e voz, gravados aqui no apezinho, muito rústica.
Ouvindo as músicas aqui www.biajoni.com.br na pasta do Virgínia Berlim, vocês terão ideia do que o livro inspira.
Vejam:

sexta-feira, outubro 27, 2017

Eu não tinha a noção de um dia como comecei a ter, agora. Porque, agora, que penso que vou morrer, um dia ficou uma folha que se despetala e quando eu era menino, eu era um menino eterno, de que os dias não caíam.
Estava para completar meus vinte anos, quando começaram a cair. Mas não caíam todos os dias, caíam vez ou outra e tudo, mas, agora, vejo que eles caem todos... e ficam comigo muito pouco. Estou ficando um cara cada vez mais sem dias e fui um menino eterno.
Como pode isso?

Que coisa!

segunda-feira, outubro 23, 2017

Há dez anos, talvez, me lembro de ter postado aqui no Blog Azul sobre o entupimento do tanque da casa de trás, onde morávamos, eu e mamãe. E de ter relacionado isso com o cansaço de suas pernas, além de a postagem ter me lembrado de uma amiga sua, que dizia os problemas de água numa casa, entupimentos, torneiras que pingam, vazamentos, umidade, tudo isso de a água na casa não ter um fluxo certo, ter a ver com os eguns. E que isso, de a água não ter fluxo certo na casa, era problema de reza e tudo.
Depois que mamãe partiu e que me mudei para o apezinho, achei que os problemas nos encanamentos das pias da cozinha e banheiro eram resultado das obras feitas pelo inquilino anterior, essas coisas que a gente pensa pra tentar entender o que está acontecendo e tudo. E que, logo, seria resolvido.
Só que não consegui resolver o escoamento da pia do banheiro e, depois de um monte de procedimentos, já vinha convivendo com a sua água empoçada para escovar os dentes, que era uma água que ficava escoando devagarinho e que me fez desenvolver uma tecnica para usá-la e, aí, isso era um caso que pairava no meu pensamento, uma sombra no meu espírito, uma nuvem negra, assim, um pio de coruja na janela, no telhado, à noite.
Então, quando o Tulio esteve aqui para os lançamentos do Diário da Piscina no Rio de Janeiro, ele cutucou no cano e conseguiu que a água escoasse melhor. Quando perguntei alegre o que ele tinha feito, ele disse que nada, apenas tinha jogado um pouco de água sanitária.
E outro dia eu troxe da vendinha aqui perto alguns litros de cloro e joguei.
Pronto! Adeus nuvem negra, adeus pio de coruja, adeus eguns.
Dois Diários da Piscina para Belém do Pará.


quarta-feira, outubro 11, 2017

Na espera do médico, ontem, uma moça que mora no Complexo do Alemão, disse que lá quem domina é o Comando. E que era necessário muito bandido para que houvesse o Comando. Eu ficava ouvindo pra ver se conseguia entender ao certo. Ela dizia que era recomendação médica que ela andasse todos os dias, mas ela parou com isso, por causa dos tiroteios, das balas perdidas. Ela tinha uma gargalhada meio pomba-gira e falava muito palavrão, pontuando todas as suas frases  de porras e caralhos. Ela conversava com um outro cara, que era morador de outra comunidade, num morro de Caxias, se não me engano. Ou Queimados. Eu não entendia nada ao certo, mas esse rapaz que conversava com ela entendia tudo e podiam conversar. Eu converso pouco com todos, porque não entendo as coisas ao certo. Eu queria ser onisciente e enxergar todos os lados, acima e abaixo, à frente e atrás, tudo ao mesmo tempo, no comando e no controle. Mas não tenho esse poder.

segunda-feira, outubro 09, 2017

Conversando ontem com o mais velho de meus primos, a gente falou um pouco desse lance de ir ficando mais velho. Nós, entre os primos, que nascemos nos anos 60, estamos todos reconfigurando um corpo, mais lento e tal. Em que as posições começam a se reajustar, a gente começa a prestar mais atenção nelas e tudo. Numa hora, um menininho que estava perto da gente posicionou sua bola para dar um chute. E quando distanciou um pouco dela para o impulso do chute, meu primo correu nela e começou a incitar o menininho para pegá-la de volta. Mas, aí, meu primo não conseguiu se manter com a bola. O meninho não se deixou driblar. Por isso é que tou falando que as posições começam a se reajustar. Porque também, na conversa que tivemos, tudo o que vivemos juntos e o tempo todo de distância, se reajustou no encontro. Ta tudo reconfigurado. Não tou conseguindo dizer direito. Mas é isso, acho que é só a sugestão de um assunto. Porque também, como ele disse, o amanhã não existe.

sexta-feira, outubro 06, 2017

Parei nessa frase do primeiro texto de “a alma encantadora das ruas’, livro do João do Rio:
“Nós, os homens nervosos, temos de quando em vez alucinações parciais da pele, dores fulgurantes, a sensação de um contato que não existe, a certeza de que chamam por nós.”
Achei estranha essa forma de se auto-referir:
“Nós, os homens nervosos,...”
Porque o que se diz depois, não é explicação para homens nervosos, mas pode explicar qualquer um.

quinta-feira, outubro 05, 2017

Já faz um tempo, eu ainda morava em Papucaia e nas vezes em que eu estava no quintal compondo, vinha um pavor, num ímpeto, quando eu sentia que tinha chegado numa música. Quando eu avistava ela e, aí, depois, era só seguir escavando, pra libertar a bichana. Eu ficava bem assustado e ainda fico, quando vejo que posso avistar, destacado do chão, o que fiz e, aí, eu vejo que estou ali, como num espelho.
Isso é uma continuação do que escrevi aqui no Blog Azul, ontem. Sem ser um adendo, porque isso que escrevo agora, tem um outro corpo.
Então, tem pensamento que me deixa bem assustado, por exemplo, isso, pensar que posso ser dois, quando me olho no espelho de uma música que fiz.
Só que, hoje, estávamos falando, eu e Vitor Wutzki, sobre a música Ave Nada. Que é uma música que a cada vez, se mostra de um jeito diferente. Assim, radicalmente diferente. A cada execução dela, seu corpo é outro.
Então, o Vitor tava me dizendo que quando tocamos ela no 171, de BH, ele tinha visto pichada no muro em frente a figura de um peixe-ave. E ele pensou se isso, não era um prenúncio de que fôssemos chegar à Ave Nada definitiva. E para ele, chegamos a uma forma para ela. Mas falta achar o seu miolo, um estofo. Ou, não. E pra sempre ela terá outro e outro recheio.
Essa é uma forma de não ter susto.
De não se ver no espelho.
De não fazer retrato.
Como no post de ontem, de o Diário da Piscina e tudo o mais, ser apenas uma abstração.
Não é ninguém ali.

Ave Nada.

quarta-feira, outubro 04, 2017

A gente se desdobra em dois, quando canta e quando escreve. Porque a gente, ao mesmo tempo canta e ouve, e ao mesmo tempo, escreve e lê. A gente fica dentro e a gente vê de fora. Como quem se olha no espelho, narcisista.
Isso é uma coisa que eu penso muitas vezes em parar de fazer.
E também muitas vezes eu penso que não irei mais ter o espelho pra olhar, que ele vai sumir. Porque daqui a um tempo tudo vai ter a configuração diferente, como a configuração de agora já é outra e já não é espelho do que eu era anos atrás. E o Diário da Piscina já não espelha minhas aulas de natação, hoje.
Eu disse pra o Carlos, um jornalista de BH, que eu tinha escrito um livro perene, quer dizer, um livro que será para sempre espelho.
Eu disse assim:
“Este é um livro que eu apresento como se tivesse sido todo escrito agora. Há uma tristeza no início dele porque a história, afinal, fala sobre recuperação. Porém, ao mesmo tempo que em que abordo isso, o título também traz uma alegria que vem da própria possibilidade de a cada dia você perceber que está melhorando. Então, eu não acho que esse seja um livro que olha para trás. Lendo as descrições da cidade, das pessoas e do modo como o personagem se relaciona com elas na piscina, eu noto que a narrativa trata do presente. Pode soar algo pretensioso, mas eu produzi uma história que é perene”, comenta Capucho.
A entrevista toda do Carlos está aqui:



É como amor...

segunda-feira, outubro 02, 2017

Ainda sobre o sentido dos sonhos e depois de ter visto o documentário sobre o ator pornô, Rocco, pensando no Doc-ficção que o Rafael Saar fez comigo. Sem que tenhamos 24 cm de dote, sem que tenhamos ganhado dinheiro algum e fora do império da heterossexulidade. Mas com a mesma retaguarda.
Ante-ontem, o Fred me perguntou como vai o filme.
- Eu não sei – eu disse.
Fora isso, recomecei a pensar nos meus lados direito e esquerdo, os lados de minha cabeça, de minha coluna, que podem se conectar mais do que tenho conseguido até agora.


domingo, outubro 01, 2017

Faz um tempo que não pego n’As Vizinhas de Trás pra pintar.
Empaquei na Santa Moema.
Também faz um tempo que não pego o violão.
Cortei meu indicador ao abrir, uma lata de doces.
Também tenho pensado no caminho Paebiru, porque estava lendo um dos contos do A Alma Encantadora das Ruas, do João do Rio.
Fora isso, hoje, vi essa foto de uma Vizinha que fiz em 2008.
Achei bonita, empinada, vistosa.
Vejam:


Um Cinema Orly para o Flamengo:

sexta-feira, setembro 29, 2017

Moura Torta

Eu não tenho paciência para poesia, por isso.
Sonhei que você estava enlaçando a base do meu pau com umas tirinhas escuras. Eu fiquei excitado, claro, e, aí, você começou a ver bem de perto a cabeça dele maior e eu fiquei grilado de você estar achando que eu tava velho. Isso faz uns dois dias e só me lembro desse pedacinho do sonho.
Eu queria saber os sentidos dos sonhos.
Eu pediria, depois, que você enlaçasse meu pau com um cordão da cor de prata do luar e depois com um cordão da cor do ouro do sol, depois um cordão da cor dos diamantes do céu, as estrelas...
Eu queria saber os sentidos dos sonhos...
Porque eu tenho me sentido mesmo, é naquela parte em que ela é amarrada  na ponta de uma corda e a outra ponta é amarrada num cavalo e o cavalo sai em disparada pela estrada.
Você é o cavalo.
Eu queria mesmo saber o sentido dos sonhos, porque, assim, não aprendo nada com eles.

Não tenho paciência pra poesia, por isso.

quinta-feira, setembro 28, 2017

Alguns autores colocam-se a si mesmos na tradição de sobrenomearem-se com o nome do lugar de onde vieram, como Tom of Finland, João do Rio... e outro dia li sobre um artista que se nomeia assim, como um grego antigo era chamado, me esqueci qual nome tinha, mas hoje de manhã, depois de lembrar de um sonho que não vem ao caso agora, eu fiquei pensando que fiz esse mesmo movimento no Diário da Piscina, o de me colocar na tradição através dos nomes.
Fiz de uma outra forma, já que não me chamo luís de cachoeiro. Mas trouxe nomes clássicos para o Diário, todos de um mesmo lugar, Roma Antiga: Claudio, Marcelina, Lucio, Livia, Germano, Domicila... também de outra forma, porque meus personagens não estão em Roma, são de lugar e tempo diferentes. O link vai apenas nos nomes próprios.
O que isso significa?
Tempo parado, monolítico, de eterno é.
Fora isso, preparando meu almoço, tentando um ovo frito com gema mole e clara toda cheia de bolhas, com bordas negras...




quarta-feira, setembro 27, 2017

De novo sobre estabilidade, agora, tenho focado na possibilidade de eu correr. Porque o meu andar já é absolutamente restabelecido. Tenho a sensação de restabelecimento também  com a minha caligrafia. E com meu violão.
Mas eu preciso correr.
Por exemplo: eu tirei de dentro da melodia de “A Masculinidade” muito linda que Kali esboçou pra mim, a melodia definitiva, quer dizer, eu fiz as pontuações, as voltas e repetições de melodia, os ajustes finais, as definições, enfim, sem modificar nada da ideia que a kali me deu. Então, o que ficou no fim, havia dentro do que a kali me entregou, sem tirar nem por.
Mas eu tive de ralentar um pouco, e que ficasse o menos possível de se perceber alguma lentidão minha na hora de cantar, porque minha língua também ainda não consegue correr, quando falo. Sorte, que não sou mesmo de correr falando, então, quando falo, ta normal. Mas nas músicas eu posso correr. E quando elas correm, preciso correr também. Então, em “A Masculinidade”, ralentei um pouco.
E fico muito satisfeito de ver o modo como fiz as adaptações para a “Soltando o dia preso”, que o Renato França colocou melodia pra mim. Eu conheço o Renato faz tempo demais e depois de muitos anos, quando nos reencontramos – ele me dava a impressão de que queria sempre fugir, tinha uma coisa estranha no reencontro, ele tava ali conversando comigo, solícito e tudo, mas para mim ele queria sair correndo – e, aí, a gente tava falando, pow, a gente não tem nada junto, vamos fazer e tudo. Porque assim como eu, o Renato continua a fazer músicas, hoje. E, aí, o Giba, que eu conheço também daquela época, tinha escaneado uns papéis que eu tinha escrito e que ele tinha guardados. E me mandou.
E eu dei uma arrumada e mandei pro Renato.
E eu fiquei muito satisfeito com o modo como adaptei no meu violão, o que o Renato fez. Sem sequela e sem correr, porque o Renato fez um blue, que não precisou correr.
Vejam a letra original de “Soltando o dia preso”, do final dos anos 70:

terça-feira, setembro 26, 2017

Ainda me sentindo sem colocação, estive me lembrando que no interior, no sul do ES, se dizia sobre os rapazes e as moças ganharem colocação e tudo. Um rapaz e uma moça ganhavam colocação, principalmente, se terminavam os estudos.
Depois, já adulto e aqui no Rio, começou a aparecer que pessoas colocadas eram os chapados e também, sexualmente, quem estivesse com tudo no lugar, pronto, preparado e estar colocado nesse sentido sexual tinha mais a ver com bichas e mulheres. Mas não tem mais hoje, porque todos podem ficar colocados nos sentidos todos, eu acho.
É uma palavra bem legal essa, colocar. Tem um lance de completar. De estar tudo junto e completo.
Vou colocar minha sunga e vou nadar.

Sunga abóbora.

segunda-feira, setembro 25, 2017

Fico tentando achar estabilidade nas coisas, ao menos, no meu corpo físico. Tento achar uma posição pra mim, aqui, frente ao computer. Me coloco no jeito, mas o meu corpo pulsando vai pra sempre procurando o lugar mais certo, assim, um lance aflito e tudo. E acabo achando que é assim mesmo. Não posso parar meu coração.
Ontem, assistimos pela segunda vez a um filme muito bonito, chamado O Leitor. E isso que eu disse aí, no parágrafo de cima e que eu sinto agora pela manhã, pode ser ainda revérberos do filme, porque não consegui achar posição pra mim, nem no menino, nem na moça.

Pedro disse que entendia o menino e que entendia a moça. Mas eu não tinha colocação pra mim. Que coisa!

domingo, setembro 24, 2017

Eu ficaria bêbado e emaconhado por todo esse dia de hoje mais frio de domingo. Eu tenho essa vontade em muitos outros dias da semana também. Porque ficar bêbado e emaconhado é pra mim, como a beleza do entardecer nas nuvens de ontem, no céu da Baía da Guanabara, que estava como dentro de uma igreja em Ouro Preto, sem sombrios.
Falando assim, parece que tenho estado constantemente bêbado e emaconhado, mas não é isso, porque não tenho estado assim, embora eu ficasse, não fossem meu fígado e rins, lesados de coquetel, que tendem à bad trip durante ou depois, com sombrios.
Já faz um tempo, me disseram que me queriam assim. Fiquei tocado com a ideia, porque me queriam assim, luminoso sombrio, porque é, talvez, como todos queiram ficar, porque todo mundo seria assim, mas meu estômago também já é baleado, meu pâncreas, minha córnea, minha medula, coluna, meu quadril, baleados, não me deixariam assim o tempo inteiro, como querem que eu esteja e como quero ficar, com sombrios e sem sombrios, no domingo de hoje, frio.

Maravilha!

sexta-feira, setembro 22, 2017

Por minha natureza, eu já estaria morto faz tempo. Entre outras coisas, minha hipertensão, de que trato diariamente por anos, já era motivo pra eu ter tido um troço e, como mamãe diria, eu já teria ido para o inferno.
Estive no médico por duas vezes nesta semana e meus exames deram ruim. Mas um e outro médico mantiveram o tratamento, não modificou em nada. E, aí, a gente vai ver como vai desenrolar.
Perguntei se os resultados tinham a ver com a minha idade. Mas ele disse que eram os anti-retrovirais. Se os exames continuarem ruins, devemos trocar de remédios.
Eu já disse que está bom, que já deu, não me importo se for pra o inferno a essa altura. Eu tou legal! É que já ta demais, ta muito pra mim. Passei da conta...
E nem estou deprimido, não. É verdade!


quinta-feira, setembro 21, 2017

Foi lindo demais, quando lançamos o Diário da Piscina (É selo de lingua/2017) em SP e foi lindo demais o lançamento aqui no Rio. Também muito lindo em BH e Vitória. E sinto que a gente vai ganhando força e que a gente é parte de um movimento que vem de muito antes, de quando nem havia músicas assim, como as que tenho feito, nem havia livros como os meus, mas tinha sementes no meio do que havia e eu tou passando o bastão pra frente.
Então, meio que sinto que não sou eu, que é um bolo de gente também que vai deixando de ser clandestina, que vai saindo da madrugada e vai ocupando as praças ensolaradas das tardes de domingo, no caos.
Tudo vai acontecendo junto. Tudo se juntando.
Agora, a gente vai começar tudo outra vez, como que do zero.
Preciso me organizar aqui.
Ta tudo muito louco!

quarta-feira, setembro 20, 2017

A vida é livre - luis capucho

Ontem, fiquei ouvindo A Vida é
Livre que Pedro filmou de celular no 171 – BH – e tava vendo como que ela tem a
mesma direção no pensamento, como Aitudes Burras. As duas letras levam para a
explosão: uma, as ondas explodindo na areia da praia. A outra, um vulcão
explodindo, um furacão, um homem-bomba.
Também, fico na nóia de que não
seja autismo demais ficar me ouvindo assim. Mas, por outro lado, é bom tentar
saber o que fiz, pra quando for refazer, fazer com mais certeza e segurança,
além de poder contribuir pra completar sentidos que ficaram mais vagos.
Embora eu sinta que as músicas já
nasçam completas e que também sinta que não há mais nada a fazer... nem mesmo
outras músicas... he he he... 



terça-feira, setembro 19, 2017

Fui o primeiro entrevistado desse projeto, no ESCUTA do Poema Maldito (https://www.youtube.com/watch?v=_mf1plY6_zg) em outubro de 2016. É um artista da cena contemporânea da música brasileira por mês. Portanto, BrnoBruno Cosentino será o 11º, com o seu disco acabado de lançar e esse é o meu número. Eu continuo por perto, porque me tornei um dos que transcrevem as entrevistas, com a idéia futura de uma publicação impressa.
As perguntas do Rafael Julião são pensadas pra gente ver as músicas por dentro e por fora. Ele diz que não entende nada de música e ta certo, porque ninguém entende mesmo. É pra escutar... 
o E S CU T A / é um projeto do Núcleo Canção, vinculado ao Laboratório da Palavra, PACC, do curso de Letras da UFRJ. A proposta é uma vez por mês receber um convidado diferente para escutar um disco de sua carreira e conversar um pouco sobre música. As entrevistas são gravadas e serão posteriormente publicadas em livro. O convidado do mês de setembro é o compositor e cantor Bruno Cosentino e ouviremos seu terceiro disco, "Corpos são feitos pra encaixar e depois morrer".

Roteiro e entrevista: Rafael Julião
Transcrição: Luís Capucho, Camilo Frade e João Pedro Bragança
Arte gráfica: Renata Vianna


segunda-feira, setembro 18, 2017

Foi logo que começamos com as apresentações das músicas do Poema Maldito, que Rafael Saar fez um risco no meu olho. E que eu quis manter o risco em todas as apresentações dali pra frente. Que é um risco que corre em quem está comigo, às vezes.
E, no NECA, em BH, não tinha espelho. Eu faço o risco sem espelho, mas pedi ao João que fizesse ele em mim. Então, João disse:
- Sei quem pode fazer... – e, aí, veio com a Simplesmente Marta, que fez um risco de verdade, não um esboço de risco, como o que tenho o costume de fazer.
Estou falando isso, porque além dessa alegria, Simplesmente Marta levou pro palco a leitura de um trecho do Cinema Orly.
Vejam o livrinho livre em sua mão:

Nós estávamos tocando A Expressão da Boca, no 171, em BH, eu e Vitor Wutzki.
Na minha camisa de fazer shows, a cada dia mais ocupada, aparece primeiro a medalha José Cândido de Carvalho, que minha obra literária ganhou da Câmara Municipal de Niterói. Não fica visível, não sei porque, as asinhas de plástico, que ganhamos do Estômago, quando tocamos lá.
Cada vez mais, os shows vão se reconfigurando e eu também, ao me ver nas fotos e nos videozinhos que o Pedro faz, me reconfiguro comigo mesmo.
Foi fundamental pra mim ouvir um verso de letra de música do Gustavo Galo “ Se você quer seresta, deixe a janela aberta”.
A foto é do Pedro:

domingo, setembro 17, 2017

A vida é livre - luis capucho

“A vida é livre” está no disco
Lua Singela(Astronauta Discos/2003), produzido pelo Paulo Baiano. Mas ela foi
composta à época dos registros de rotina do Diário da Piscina (È selo de
lingua/2017), entre 2000 e 2001. Por isso, tenho incluído ela no roteiro das
apresentações de músicas para o lançamento do livro.
Ela tenta dar conta do percurso
que fazia para ir nadar, quando fazia um grande trecho da orla da Baia da
Guanabara – Icaraí e Praia das Flexas – para chegar até à piscina. E também de
uma lembrança que sempre me vinha, quando passava ali, de um show de Tadeu
Mathias, um compositor/cantor nordestino que esteve em Niterói no final dos
anos 70, e que me deixou na lembrança um trechinho de letra de música que era
isso: Voa livre ave.
“A vida é livre” saiu daí, do
“Voa livre ave”.


Vejam:

Lançamento Diário da Piscina - Belo Horizonte

Quando ouvi pela primeira vez o Bruno Cosentino cantar
Homens Flores no Cine Joia, logo que o Exército de Bebês começou os primeiros
acordes da música, um barulho de obra, no prédio do cinema, entrou na música e
foi como se ela fosse mais pra baixo, como se a música tivesse mesmo de ser
começada mais embaixo no buraco do chão e ganhasse mais envergadura pro tanto
ainda que ela haveria de se abrir, de subir, de se enovelar pro alto,  desde o barulho da obra recontruindo o prédio
do cinema.
As minhas gravações domésticas, muito antigas, ainda em fita
cassete, também têm esses barulhos surpreendendo as músicas e ficaram nas
gravações com seus sentidos completando elas: choro de bebês, latidos de
cachorros, gritos ao longe, apitos, tudo que vinha da rua e entrava na casa, se
relocando no sentido delas.
Desde que começamos com essas apresentações dos lançamentos
do livro Diário da Piscina, esses barulhos têm vindo surpreender a gente com
seus sentidos sonoros, acidentes de percurso, completando elas, que ficam mais
perfeitas.
Aconteceu no loki bicho, SP e aconteceu no 171, BH.
O joão tinha me dito que no 171 passou trem, cachorro latiu,
se eu tinha ouvido. Não, não ouvi. Mas agora olhando a gravação que Pedro fez
no celular, eu compreendo porque é que eu não tava entendendo a hora de entrar
na “Antigamente”. Na hora, eu achei que era a guitarra que o Vitor tava fazendo
é que estava derrubando a entrada. Mas não era. Era um cachorro que latia na
rua, que roubou minha entrada, que refez ela, colocou noutro lugar.


Vejam:

sábado, setembro 16, 2017

Pessoa são Seres do Mal - Luís Capucho

O Vitor me apresentou a um artista incrível, o Genesis P-Orridge,
de quem eu gostei demais, muito. E eu gostei demais desse vídeo que surgiu na
casa do João, em BH, porque eu vi identidade com o Genesis e deve ser por isso
que gostei tanto.
Para nos receber, o João colocou su’As Vizinhas de Trás” na
parede da sala, o João saiu de casa, o João nos entregou a chave, o João nos
deixou em meio aos livros e de repente, sem nunhum aviso, começamos.
Foi Pedro.


Vejam:

sexta-feira, setembro 15, 2017

O Tulio já havia me chamado a atenção para o estilo muito diferente da “Antigamente”, em relação as outras músicas que já fiz. A “Antigamente” é uma música mais antiga, mas que não tem registro, ainda, em disco. O Gustavo Galo começou a produzi-la para colocar no disco Crocodilo, que estamos fazendo em bando.
Nesses shows que têm acompanhado os lançamentos do Diário da Piscina, a “Antigamente” está logo no início. E como o Vitor toca muito melhor que eu, com mais volume, mais desenho, mais estilo, aproveitei pra cantar ela sem tocar. E ter as mãos livres. Que é uma coisa que sempre quis fazer. Porque é um desafio pra mim, saber onde colocar elas, sem fazer os acordes do braço do violão.
Em Vitória, o Vitor observou isso que o Tulio já tinha dito, que a “Antigamente” é diferente das outras músicas minhas. Eu perguntei o que era diferente, mas não conseguimos concluir nada. Minha tendência é achar que minhas composições com letra e música minhas, são ruins. Então, perguntei se era uma música menor que as outras. Vitor disse que não era isso. Mas não soubemos o que era.
Agora, estou feliz com os caminhos que andamos fazendo com livro e shows.

Um Diário da Piscina para São Luís, no Maranhão: